O Dom da Força
Uma única vez na masmorra, durante um teste de Força, Freya recebe +20 de esforço sobre-humano.
Esse teste não modifica ataques, nem danos. Apenas um teste de Força usado para empurrar, puxar, sustentar ou quebrar alguma coisa.
O Dom da Vida
Uma única vez na masmorra, Sethos pode gastar uma magia de, no mínimo, 5º nível, para restaurar todos os PONTOS DE VIDA de seus aliados.
A Dom da Vida só concede os benefícios para aliados. Ele não causa dano à mortos-vivos, nem cura o próprio Sethos. É um sacrifício.
O Dom da Inteligência
Uma única vez na masmorra, Aensell sabe exatamente qual a resposta de uma pergunta ou enigma referente à masmorra.
O Dom da Velocidade
Uma única vez na masmorra, se Jack for atingido em combate corpo a corpo ou à distância (apenas se o inimigo realizar uma jogada de ataque), ele pode mudar esse destino e esquivar-se TOTALMENTE do ataque e dano.
O Dom do Narcisismo
Uma única vez na masmorra, Fira pode declarar um 20 natural num teste de resistência (Fortitude, Reflexos ou Vontade).
O Dom da Bravura
Uma única vez na masmorra, à vontade de Albion, quando ele cair com -1 à -9 pontos de vida, ele se levantará e recuperará 50 PVs.
O Dom da Imortalidade
Uma única vez na masmorra, Balthazar não pode morrer. Seja por pontos de dano, magias necromânticas e qualquer ação que o faça morrer, ele terá uma segunda chance. Retornará estabilizado, com 1 PV, sem perda de nível ou XP.
O Dom do Mártir
Uma única vez na masmorra, se o Monge perceber que um aliado receberá uma quantidade de dano significativa que o fará morrer, ele pode receber uma quantidade de dano à seu desejo para evitar a morte do aliado.
quarta-feira, 30 de novembro de 2016
quarta-feira, 23 de novembro de 2016
Carta para Albion
Meu prezado irmão, Albion...
Eu espero que esse pergaminho chegue, um dia, às tuas mãos. Perdoe-me as rasuras. Escrevo-o às pressas e trêmulo. Não tenho muito tempo e tenho muita coisa para compartilhar aqui.
Alberich, paladino de Splendor |
Sempre tentamos fazer tudo que estivesse ao nosso alcance para garantir a mesma bênção evidenciada durante tantas gerações em nossa família. Nascemos em berço de ouro, protegidos pelos exércitos de Azran, pois, nosso pai, Frederich, e nossa mãe, Marion, foram campeões de suas casas e lutaram tão bravamente contra as criaturas que, na época, ainda se mantinham fracas, impedidas pelo poder dos anjos que emanava das muralhas. Eles se uniram em matrimônio e ergueram a confiança que seria mantida em nossa linhagem pelos próximos tantos anos, até que nós, seus filhos, pudessem abraçar o mesmo milagre que um dia nosso deus Splendor reservou à eles.
Eu tive a sorte de ser abençoado pelo esplendor de nosso deus, tão cedo. Embora tenhamos quase a mesma idade, eu não tenho a audácia de lhe dizer que seus feitos são menos merecedores do que os meus. Ao contrário, irmão, eu acredito que Splendor tenha um plano muito maior para você. Eu acredito que a sua provação deve ser maior do que a minha. Carrego em meu peito o orgulho de ter lutado tantas vezes ao lado de alguém que julgo carregar um espírito cheio de força e união tão mais raro do que o meu. Quando a sua hora chegar, gostaria de estar ao seu lado, compartilhando da mesma fé, mas, ao que tudo indica, nossas almas não existirão no mesmo plano por muito mais tempo.
Se este pergaminho chegou às suas mãos, significa que estou morto e que esse segredo precisou ser passado para alguém de confiança. E em quem eu teria mais confiança do que meu próprio irmão? Albion, talvez, você tenha mais sabedoria do que eu e, talvez, saiba o que fazer com a história que estou prestes a lhe contar...
Assim que abençoado por Splendor, minha missão foi efetivada: eu deveria proteger a família de nosso Lorde, mesmo que isso custasse-me a própria vida. Nossa mãe, Marion, tinha bons entendimentos com a Rainha e isso colaborou para que eu fosse parte da incansável vigília à senhora de nosso reino. Mantive-me atônito à segurança da Rainha, dia e noite, como um soldado deve fazer.
Certa noite, durante meu período de vigília, senti um calor agradável vindo de uma brisa do norte. O zéfiro é sempre frio e tenebroso, ainda mais quando sentido do alto das muradas de Brastav, que alcança muitos metros de altura. Aquilo me deixou alerta. Resolvi averiguar a situação pelos corredores do castelo até que tive a impressão de ter notado um grande clarão sair pelas fissuras do quarto da Rainha.
Eu me aproximei furtivo, do jeito que pude. Espada e escudo em mãos. O peito convencido pela coragem de minha bênção. Encostei-me contra a parede de uma das torres e vi minha Rainha perambulando, às pressas, pelos corredores, ainda em trajes de dormir, descalça. Ela subia as escadarias até o andar superior daquela torre abandonada.
Eu poderia ter chamado a sua atenção, mas, temi que se fizesse aquilo poderia estar me contrapondo à vontade de um superior. Eu a segui, pois, também não tinha certeza se a Rainha estava sã. Agi nas sombras como nunca havia feito, escondido da presença daquela que precisava proteger. Então, me deparei com uma cena que nunca, nem em um milhão de anos (se assim eu pudesse viver), desapareceria da minha mente mortal.
Era Mikhail, o arcanjo de Splendor, em seu manto de prata e ouro, uma auréola de luz divina que brilhava como as chamas do sol e um par de olhos que se contrastavam, como uma fonte de sabedoria eterna e o terror de uma guerra infinita. Ele apresentou-se à Rainha de braços abertos e ela o encarou compadecida.
- Aqui está o resultado de suas súplicas, Rainha de Azran. Aqui está o fruto de um amor egoísta, que nunca será compartilhado, mas que, mesmo em toda a sua inferioridade humana, ainda assim, amor.
Era um bebê, coberto por um manto surrado, sujo de lama e tempo. A criança mantinha-se calada, mergulhada em um sono perfeito que só os anjos poderiam garantir às suas vítimas.
A Rainha, ao ver aquilo, caiu de joelhos e derramou-se num pranto desesperado. Como que tirasse as lágrimas do âmago. Recebeu o presente das mãos de Mikhail e o acalentou junto ao seio. O arcanjo partiu. A Rainha conteve-se. Eu não pude me intrometer. Mantive o segredo em silêncio.
Alguns dias depois do acontecimento, a Rainha anunciou que estava grávida do primeiro e único filho de Lorde Irun.
Mikhail, líder dos arcanjos |
[...]
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terça-feira, 22 de novembro de 2016
Carta para Freya
Meu caro Aensell,
Garoto, a última vez que o vi, você 'tava bem crescido. Um rapagão maior que o tio Barghaman. Ainda me lembro da época em que podia conversar com você olho no olho, agora, você espichou de uma forma desumana. Anda meio pálido e parece meio bobão, mas, acho que isso faz parte do seu ofício de mago. Todos que eu conheço da sua laia, são "meio" assim.
Escrevo para você com o intuito de que entregue esta mensagem para a pessoa certa, na qual, pelo visto, a única forma de intermédio entre mim e ela, é você. Sério, eu tentei usar algumas magias, mas não deram muito certo (pobres pombinhas).
Como é difícil que eu escreva com frequência e como tenho tempo de sobra para fazer nada (adoro minha vida) encontro uma forma de desviar-me do tédio contando os acasos que me fizeram escrever para essa mulher que, consta falar, é a primeira pessoa do sexo oposto em que traço minhas palavras sem intenções românticas.
Tudo começou quando me deparei pela primeira vez com aquela velhinha simpática no meio da rua, perguntando para qualquer um que lhe coubesse na telha onde estava sua netinha. Bem, não era problema meu. Se eu fosse dar atenção à qualquer estranho na sarjeta que me pedisse alguma coisa, posso dizer, com toda certeza, que o pobre Javert não aproveitaria nada de sua modesta vida. Essa minha atitude é bem diferente da do nosso ranzinza Barghaman. Aquele velho chapa que tem cara de brutamontes, mas, um coração do tamanho do punho de um gigante (e isso olhando sob minha perspectiva de altura).
Ele a viu, certa noite, sentada no chão de concreto do terceiro andar da torre e, ainda que aparentemente paciente e esperançosa, Barghaman ofereceu ajuda e a trouxe para a Dragão Uivante. Ela adorou a sopa de Charlotte (outra pessoa que espichou de uma hora para outra), embora, nós dois saibamos que nem se compara com a sopa da mãe dela (algum deus justo a tenha). Meu grande amigo taverneiro me incumbiu da tarefa de ajudar a velha senhora simpática, pois, como nós dois também sabemos, Barghaman é péssimo com as palavras.
Ela me contou, em meio a uma janta desesperadamente rápida para o estômago dela, que precisava encontrar sua neta e que ninguém nessa "árvore de pedra gigante" parecia lhe dar atenção, provavelmente porque ela precisava mostrar seu valor ao campeão da tribo. Bem, depois disso, só pude ter a certeza de que ela vinha de Chattur'gah. Fiquei sabendo que vocês tiveram uma treta por lá e minha curiosidade começou a fervilhar. Comecei a me interessar pela história...
Falei para ela que não era assim que se chamava a atenção em Draganathor. Que atrair a atenção na Torre da Dragocracia exigia maior extravagância (uma qualidade que eu, humildemente devo confessar, tenho em mim brotando aos borbotões), talvez, alguma coisa inédita e digna de aplausos. Essa foi a pior dica que já dei a um caipira. Segundos depois de secar mais uma panela de sopa, a velha senhora transformou-se em um urso medonho e urrou na Dragão Uivante provocando um terror inesperado.
O bardo (que a tempos estava tentando agradar uma plateia desinteressada, ineficazmente) parou de tocar seu banjo, Charlotte derrubou uma bandeja cheia de pedidos, Barghaman quebrou uma caneca de cerveja na mão de ferro e todos os outros visitantes ficaram perplexos por milésimos antes de gritarem de medo e fugirem da Dragão Uivante.
Eu queria ter conseguido convencer aquele urso a voltar à forma da simpática velhinha, mas, isso não ocorreu antes dos Escravos Draculean desabarem a porta e as janelas da Dragão Uivante com suas magias e conjurarem seus raios de fogo e relâmpagos contra a ameaça selvagem. Aqueles desgraçados não pegaram leve, até porque, como sabemos, eles se depararam com a situação perfeita que lhes permitia desmoronar de vez com a taverna de Barghaman.
Mas, por incrível que pareça, as magias dos Escravos Draculean não serviram de nada. A boa senhora saiu impune em meio a um rastro de destruição e fumaça que emanava do ponto onde as magias dos carrascos atingiram. Demorou bastante até que eu convencesse à milícia dracônica de que tudo não passava de um mal entendido, mas, finalmente, eles largaram o pé do Barghaman e a Dragão Uivante manteve-se fechada pelo resto daquela noite. Só depois de baixar os ânimos e de limpar a bagunça (a boa velhinha mostrou-se eficiente para isso), eu pude ouvir a história completa.
A Velha Xamã da Tribo do Urso, em Chattur'gah |
Dizia ela que havia vindo mesmo de Chattur'gah e que tinha a intenção de encontrar sua neta, uma bárbara chamada Freya. Ela disse que havia tentado mandar alguns animais mensageiros, mas, todos sucumbiam na viagem de Chattur'gah até os reinos mais distantes, porque precisavam atravessar o falecido e amaldiçoado reino de Azran. Chegou a mandar campeões da tribo, inclusive um poderoso guerreiro chamado Bhors, mas, aparentemente, eles não obtiveram sucesso em suas missões. Nem mesmo um sujeito que ela nomeou de "sussurro dos espíritos" foi capaz de contactar a tal Freya, até que, enfim, a própria velhinha precisou realizar essa viagem.
Contou-me que ela era uma xamã da Tribo do Urso e que tinha mais de cento e cinquenta anos, apesar de ser uma humana (pela cara enrugada, até que eu poderia julgar que ela tinha mesmo essa idade) e que a informação deveria chegar aos ouvidos de Freya de alguma forma. Dito isso, e reconhecendo que a história da velha xamã tinha sua importância, decidi escrever uma carta e encaminhá-la à você. Todo o conteúdo escrito a partir do próximo parágrafo são palavras ditas verbalmente pela velha. Espero que você consiga compartilhar esse texto com a bárbara.
"Minha querida neta, Freya, ursinha linda da vovó.
Quem é a ursinha mais forte das selvas? Quem é? Quem é? ... é você!
Freya, você precisa ser alertada...
Depois que todos nós ouvimos um grande BUM! na selva, seguido de um enorme GRAUUR!, descobrimos que a rocha mantida no Coração de Chattur'gah foi retirada e, assim, Sarrash, a coisa aprisionada, foi, enfim, libertada.
Apenas um dos guardiões do Coração de Chattur'gah sobreviveu ao encontro com a fera abismal. Ele contou que Sarrash apareceu como um repentino ZUM! e RASG! RASG! os outros guardiões. Depois, PUF! desapareceu como apareceu, mas, não antes de obrigar ao guardião responder uma pergunta:
- Onde está Freya?- FUNC! FUNC!, dizia Sarrash enquanto farejava o medo de sua vítima.
- Ela... e-e-ela n-n-não vive mais em Chattur'gah! - respondeu o guardião quase-morto.
Então, PLOFT! ... Sarrash o jogou no chão, misericordioso, e desapareceu.
Sarrash é um exterminador. Um druida que cedeu às artes negras e que definha a natureza por onde passa. É um ser feito de fúria e ódio que estava afastado de nossas terras a mais de uma centena de anos. Não sabemos como ele sabe o seu nome, muito menos, por qual razão deseja encontrá-la. Mas temo que ele tenha sido libertado por alguma coisa maior e mais influente.
Minha querida Freya, outros guerreiros de nossa tribo já enfrentaram e derrotaram Sarrash uma vez, mas a criatura não pode ser eliminada. Ela regenera todos os ferimentos, mesmo se incinerada e transformada em pó. A única forma que conhecíamos para poder pará-la, era seu aprisionamento.
Temos esperança na Guerreira Urso de nossa tribo. Acreditamos que você tenha forças para ser como os campeões de antigamente.
Receba um grande SMACK! de sua querida vó que te deseja toda a sorte do mundo.
XOXO
Carta para Jack Turner
Meu, agora desconhecido, filho, Jack Turner...
Não sei como ainda tive a coragem ou a audácia de escrever para um monstro. Talvez, porque, de alguma forma, eu me sinta responsável e, afinal de contas, ainda somos pai e filho. Ainda existe essa ligação, mesmo regada pela tristeza e desconfiança provocadas pelas tuas atrocidades. Tento ser forte por mim e por sua mãe, mas o ódio, tal sentimento tão próximo quanto oposto ao amor de família que eu sentia por você, me obrigou a escrever essas palavras com o intuito de te machucar. Mesmo sabendo que estas de nada vão afetar seu coração indigno de sobrevivência.
Eu te alertei antes que aquela garota não era uma boa companhia. Minha esperança é que ela tenha sido essencial para a sua mudança de atitude e, talvez, você esteja sendo manipulado por um mal muito maior do que o seu corpo pode resistir. E se for assim, espero que esta carta ajude-o a desfazer os encantos criados pelo feitiço dela.
Uma semana antes do envio desta carta, soubemos que você, auxiliado por aquela feiticeira de péssimas intenções, mataram o guardião do bosque. Sacerdotes dos Quatro encontraram o corpo do couatl enquanto subiam o Santuário entre as pedras. Eles falaram que o o guardião foi atingido, várias vezes, fatalmente, e que suas escamas falharam em protegê-lo. Encontraram a entidade protetora do santuário sangrando e depenada, sem a cor viva que emanava de seus olhos.
Eu neguei. Tal atrocidade não poderia ter sido executada pelo meu filho. Um Turner jamais faria isso... mas, então, vieram os heróis à sua procura. Ou, pelo menos, à procura de informação. Um grupo denominado Discípulos da Lenda querem a sua cabeça. Você já deve saber disso. E não por menos... a lista de assassinatos e obras vis é imensa... e eu me pergunto porquê!?
Porque você resolveu se envolver com a magia profana de Saulot?
Qual o motivo de você ter assassinado tantos servos dos Quatro?
Que tipo de atenção você queria obter ao enforcar os últimos servos de Splendor num estandarte?
Porque você coleciona cabeças de sacerdotisas de Amaryllis?
Quantas cidades serão sacrificadas pela sua vontade?
Quantos anjos perderão suas asas para satisfazer a sua causa?
Porque? Porque tantas atrocidades... filho?
Os heróis, esses Discípulos da Lenda, estão a sua procura e, pelos Quatro, eu espero que eles te achem e que te punam com uma morte horrível! Eles estão aqui, em Bom Lar, protegendo-nos da sua possível aparição. Eu lamento que outras cidades de Rivergate não tenham a mesma proteção que nosso pequeno vilarejo possui e que estejam a mercê de um monstro como você.
Sua mãe voltou àquele estado deplorável. Temo que, até que você receba esta carta, ela já tenha sucumbido à morte. Eu não sei se sobreviverei a tanto desgosto, mas tentarei manter-me vivo até ter a certeza de que vi sua cabeça pendurada em uma árvore.
Jack Turner, o assassino atroz |
quinta-feira, 17 de novembro de 2016
Carta para Aensell
Absalom, changeling infiltrador |
Caralhos... se eu soubesse em que merda estava metendo a porra da minha mão, tinha pensando duas vezes antes de aceitar essa missão. Mas, vamos lá. Enfim, tarefa bem sucedida, pé na estrada, tinta na folha. Tenho muita história pra contar.
Meu nome é Absalom. Esse foi o nome que me deram, mas, de onde eu saí, não precisávamos da droga de um título pra ser chamado. Eu escrevo pra esse tal de Aensell, porque me foi exigido isso. Parece que você, meu garoto, anda pisando em bosta... não sou bem entendido dessas questões, mas, pelo que percebi, seus miolos vão estourar e sair pelos ouvidos. Não vem ao caso...
Bem, eu sou um infiltrador. Um ofício que, devo confessar, é bastante facilitado pela minha habilidade extraordinária de transformar-se em qualquer indivíduo. Até uma década atrás, não existiam pessoas como eu aqui nesse mundo. Eu vim de outras paragens, é claro. Um lugar que vocês chamam de "O Plano do Esquecimento". Então, parece que não fui só eu quem escapou daquele lugar cinzento. Eu tenho alguns irmãos aqui...
Vocês nos chamam de "changeling" e, alguns já sabem que nossa infestação para a próxima era é inevitável. Uma pena que tenhamos chegado aqui numa época tão cagada. Não vou mentir, foi bastante fácil me adaptar ao seu mundo. Todos caem como patinhos em nossos mentiras. Temos liberdade de fazer nossas escolhas e fugir sem levantar desconfianças. Aqui eu já fui humano, elfo, anão e orc. Eu também posso ser você, se eu quiser. Não importa.
Nesse mundo só há dois lugares que nos interessa e que podem, de alguma forma, dificultar o uso de nossas habilidades: Mordae (embora poucos de nós tenhamos alguma proficiência com magia) e a tão preciosa Draganathor e seu comércio infinito! Eu gosto tanto desse lugar que já permaneço aqui a algum tempo. Conheço cada buraco, cada entrada e saída e, sabe quando dizem que aqui a taxa de criminalidade beira à zero? ...Ridículo.
Pois bem, provavelmente, foi por ter esse conhecimento aprofundado de Draganathor que fui escolhido pra essa missão: me infiltrar numa das Torres de Mestres Draculean. Você deve saber do que estou falando. Meu contratante disse que você nasceu aqui.
Mal ouvi essa sandice e já xinguei a lagartixa que me deu essa missão idiota e impossível. Ah! Sim... Esqueci de falar sobre esse cara. A criatura que veio ao meu encontro foi um baixinho chamado Doblok. Ele é um "kobold", pelo menos foi isso que ele disse quando perguntei que diabos ele era. Eu falei pra ele que o que ele pedia era impossível e que aqueles que frequentam as torres são identificados imediatamente porque tatuam uma porra de marca de escravatura em seus corpos. Eu tenho minhas habilidades, mas elas não permitem simular aquelas tatuagens estranhas.
Doblok, então, me veio com uma conversa de que era capaz de criar uma daquelas coisas em mim e que elas não afetariam a minha mente como afetam as dos escravos babacas. Logo, duas coisas me convenceram a aceitar a missão. Primeiro, o desafio. Eu adoro ser desafiado. Segundo, o ouro que ele jogou na minha cara. Ah! O ouro tão necessário para a minha humilde e satisfeita vida. Então, eu fui lá...
Mas, merda... eu não entendi muita coisa, não. A primeira informação que consegui foi a de que um tipo de demônio, entidade, bruxo, sei lá, invadiu Draganathor e foi facilmente detido pela Milícia Draculean. A coisa foi arrastada até a tal Torre Draculean que eu fui incumbido de invadir. Então, atraí um dos Escravos dos Dragões pra um lugar escuro - essa parte foi realmente divertida - e bati algumas vezes em sua cabeça até que ele caísse inconsciente. Depois roubei suas feições e o tal kobold tratou de me "tatuar" adequadamente.
Não vou mentir, a tal marca da escravatura ficou perfeita. Me senti mais do que confiante para a missão. Tanto que poucas horas depois eu segurava o riso de contentamento, pois era o primeiro changeling a entrar numa Torre Draculean sem levantar suspeitas. Vou te dizer, eles têm coisas bastante curiosas lá. Os primeiros salões são bem a cara da burguesia, depois, o lugar se transforma numa masmorra escura e cheia de sofrimento. Se eu fosse detectado como impostor àquela altura, por Chesire, eu ia encontrar um jeito de matar aquele kobold.
O lugar estava silencioso, mas meus ouvidos são bem sensíveis. Havia algo ocorrendo nos salões mais profundos daquela torre-masmorra. Os Escravos Draculean passaram por mim estúpidos e enganados e eu cheguei até o interrogatório.
Lá estava aquele bicho preto, feito de escuridão. Bem diferente do que me descreveram, na verdade. Até suspeitei que pudesse não ser a coisa que procurava. Uma Mestre Draculean estava bastante chateada porque não conseguia obter respostas da criatura. Ela era uma bela mulher, diga-se de passagem. Pude sentir o cheiro dela a distância. Um doce cheiro de rosas ou ervas, eu sei lá. Não importa, não é?
A Mestre Draculean chamava a coisa de Macabeus, Zaqueus, Aztapheus - ou qualquer coisa que rime com esses nomes - e o demônio parecia bem arrependido, preso em grilhões mágicos. Ele estava de joelhos. Parecia forte o suficiente para, pelo menos, tentar quebrar aquelas correntes, mas, ele estava acuado, de cabeça baixa, distante e triste... como uma criança que acaba de perder o brinquedo ou um velho tarado que sabe que nunca mais vai ver a sua puta favorita.
"Eu já informei minhas regras do acordo. Você me leva até ela, eu levo vocês até eles." - o demônio falou.
"Você não está em condições de ditar as regras" - retrucou a Mestra bonita.
"O problema de vocês Draculean é que se acham dominadores de tudo, mas, se surpreenderiam se percebessem que são apenas peças secundárias de um tabuleiro." - Macabeus não queria conversa.
"Se você insistir em blasfemar terei de lhe mostrar a situação em que você se encontra." - a Draculean queria menos ainda.
"Você acha que tem domínio sobre mim, mas, eu mostrarei para você com o quê está se metendo." - e aquela coisa desejou testar seus poderes em alguma coisa viva que não fosse a Mestra. Adivinha quem era o fodido que estava lá, naquele momento?
Senti meu pescoço ser estrangulado por uma puta força invisível. Ela me ergueu e eu comecei a salivar sangue. Tinha alguma coisa em meu estômago querendo sair. "Kobold maldito!" era o que eu queria gritar, mas, já não havia fôlego. Então, a Draculean mexeu seus pauzinhos. "Ela também deve ter um truque bacana", eu pensei... e estava certo.
Poucos momentos depois, as paredes, o chão e o teto da masmorra foram partidos por um barulho estrondoso de ferro serpenteando pela sala. Eram correntes. Correntes enormes, do tipo que se usa para imobilizar gigantes das colinas. Zaqueus não pareceu dar atenção àquela maldita invocação, ele estava muito satisfeito em me ver transformar-se num saco de tripas torcidas. Aí ele ouviu aquela voz do outro mundo...
Todos da sala ouviram, aliás. A mão invisível que me sufocava perdeu forças enquanto Aztapheus mantinha-se atônito à aparição que acompanhava as correntes gigantes. Agora, acredite no que eu digo... Não era grande coisa. Pelo menos, não aparentava. Com certeza, Macabeus parecia ser um demônio muito mais forte, mas, por alguma razão, ele encerrou sua demonstração de poder.
"Irmão!" - falou o impressionado Aztapheus - "Você... você se uniu aos Draculean..."
Então, aquele humanóide feito de escuridão, portando uma coroa de sangue, respondeu:
"Não posso me permitir retornar àquela prisão no vazio, Aztapheus. Não seguimos mais à Trindade Macabra. Eu tenho a minha lei de sobrevivência, você tem a sua..."
"Não lutamos por causas inimigas, Moil. Você precisa me ajudar! Faça-me encontrar ela. Eu te darei o que quiser!" - Macabeus sabia mesmo o que estava querendo.
O Conhecimento Negro de Moil |
"É incrível como os laços que impuseram em você e as guerreiras de Irminsul ainda continuam fortes, depois de tantos séculos. Seu estado é lamentável. Eu não desejo ver um irmão assim. Especialmente um que prometa servidão. Farei o que estiver ao meu alcance. Onde está ela?"
"Sob as posses de um elfo. Um servo que luta pelas mesmas causas dela."
Cara, então, eu fugi. Chega de papo. Mesmo. Pra mim, esse tal elfo tá fodido. Acho que ele já pode se considerar morto e, morto, é um estado que eu não estou graças às minhas pernas rápidas.
Enfim, aqui, finalizo essa carta com os dizeres que concluí serem necessários.
Aztapheus e a Guerreira de Irminsul |
O Divã da Madame Minerva
O Divã da Madame Minerva
Uau! Isso é realmente impressionante... mais de mil anos! Você deve existir desde o início da era passada.
Nasci no final da Segunda Era.
Você deve ter presenciado muita coisa! A destruição de Citadel, a criação da Torre da Dragocracia, o aprisionamento de Marduk em Xea'thoul! O renascimento de Splendor...
Pois é, já vi muitas vitórias e derrotas de Splendor...
Oh, mas que assunto triste. Sinto muito, você deve ter presenciado muito do mal que se propagou pelas eras anteriores.
Há sempre esperança, não é? Não se preocupem quanto à isso. Uma essência primordial é imortal... alguém um dia vai encontrar ela...
Você! Você não seria um ótimo candidato para manipulá-la?
Estaria mentindo se dissesse para você que nunca tentei encontrá-la enquanto tive tempo. Quero dizer, antes da essência de Splendor renascer em outro mortal. Essa ambição faz parte do meu ser imortal. Não ser maculado pela ação do tempo me concede vantagens óbvias, mas, também devo carregar o fardo de ter de presenciar todos os meus aliados e amantes morrerem. Também, com o tempo, a minha mente feérica não me permite continuar na mesmice... preciso alcançar algo a mais. Um status de divindade, talvez...
Então, estamos olhando para um provável candidato a novo deus primordial?
Porque não? (risos).
Tenho certeza de que se essa decisão fosse resolvida por popularidade, meu querido, você já seria nosso novo Splendor.
(Risos) Fico lisonjeado por suas boas palavras.
E não estou exagerando... é do conhecimento de todos aqui que o glorioso grupo de mercenários denominado "A Fênix Branca" vem colecionando vitórias para o lado da luz durante... MIL anos!
Tentamos fazer o que está ao nosso alcance.
Quanta modéstia! ...meu querido Fleghias, poderia nos contar qual foi sua última grande vitória?
Seria demasiado egoísmo falar que foi a MINHA grande vitória. Meus aliados sempre estiveram comigo, compartilhando a mesma força. A Fênix Branca é algo real, é uma esperança para o povo necessitado. Certamente não somos paladinos, nem tampouco seguimos os dogmas de alguma religião, mas, estamos dispostos a arriscar nossa vida em prol ao bem maior. Gostaria que existissem mais pessoas assim. Elas seriam bem-vindas em minha guarda.
Emocionante discurso, mas, você ainda não nos revelou seu último feito, meu querido e discreto herói. Vamos, pode falar sem pausas, agracie-nos com suas histórias!
Nosso grande último feito foi resgatar a Lança do Império de Azran das mãos dos orcs de Katarsh'motta. Ficamos felizes em ajudar o nosso, desde sempre aliado, Lorde Irun. Aquela arma significava muito pra ele.
Para quem não sabe, Katarsh'motta é um continente árido, formado de canyons e povoado por orcs praguejadores. Um inferno em terra, com certeza, mas, tenho certeza de que as tropas orcs não foram suficientes para a Fênix Branca.
Embora tenhamos eliminado milhares da raça em nossa jornada, uma coisa nós aprendemos: jamais menospreze a capacidade dos orcs. Eles têm habilidades que sempre nos surpreende e, estão, a cada era, fortificando suas maldições. Na segunda era, os orcs não eram conhecidos por suas eficiências em rogar pragas. Isso foi algo que eles desenvolveram de forma árdua e mortal, escarificando seus corpos e resistindo à doenças milenares. Eles estão dispostos à tudo e, eu não me surpreenderia, se eles fossem a próxima ameaça desse mundo.
Isso seria péssimo! Mas, ouvi dizer que vocês enfrentaram algo muito mais grandioso naquelas terras, estou enganada?
(Risos). Não, não está. Ferimos o reino dos orcs e eles despertaram algo que estava no estômago de seu lar. Acreditamos que aquela criatura fosse um dos doze colossos.
Os colossos que vieram na "Queda do céu"?
Esses mesmos.
Este é o segundo colosso eliminado pelas forças da Fênix Branca, não é?
Sim. O primeiro foi encontrado e derrotado em Asaron, antes de Zarast tornar-se a cidade de carne. Ajudamos o Príncipe Aisen a defender seu reinado.
Oh, sim! O Príncipe Aisen... chega a ser mau agouro falar sobre esse traidor!
Dá até certo temor comentar isso aqui, em Draganathor, mas, eu tenho uma opinião pessoal sobre o príncipe de Asaron.
Qual seria? Estamos todos curiosos!
Pra mim, e para todos, está claro que o Príncipe Aisen sucumbiu ao sentimento de vingança que tinha contra os dragões. O veneno finalmente o fez realizar ações precipitadas, mas, eu tenho um forte pressentimento sobre o valor das pessoas e... bem, ele pode tê-lo perdido, mas, a verdade é que nunca conheci alguém de coração mais honrado e, quem sabe, bondoso, do que o líder de Zarast.
O quê? ...isso... isso é bastante conflitante!
Deveras. Entretanto, não há razão para não o considerarmos inimigo. A Fênix Branca está atenta às próximas aparições do príncipe.
Todos ficaremos muito mais calmos e seguros com essa informação. Todos nós confiamos na Fênix Branca, embora muitos da nossa plateia sequer saibam o porquê de vocês serem tão privilegiados de confiança. Diga-nos, Fleghias, porque a Fênix Branca é tão forte?
Eu devo essa fama, principalmente, à lealdade e capacidade de meus súditos. Devo, é claro, salientar os líderes de minha guarda. Eles sempre estiveram comigo.
Você poderia nos apresentar esses "líderes"?
Posso falar um pouco sobre eles. É claro que, infelizmente, eles não estão presentes. Eles estão... bem, eles estão em missão.
A gente entende. Então, por favor, continue...
Começarei por Locke Lion. Sempre o considerei o mais leal de meus soldados. Sua fé em mim é ferrenha. Locke era um soldado da antiga Citadel. Vocês podem imaginar o sofrimento dele quando viu sua terra natal ser dominada pelos dragões. Ele demorou bastante para se acostumar com isso, tivemos muita conversa sobre poder e governo. Ele está bem mais consciente agora.
Os anões me deram um presente ímpar: a confiança de um ser abençoado pelo deus Hefasto. Ghim é um azer, um anão feito de chumbo e fogo. Feroz e honrado, Ghim é o mais forte dentre os meus soldados. Suas chamas sagradas já amedrontam qualquer inimigo que nos encara. Devo muito a ele. Ele sabe disso.
Quando preciso de ações furtivas, infiltração ou, de alguma forma, agir de modo sutil, sempre posso contar com Sulfure. Ágil, confiante e cômico, essas são suas principais características. Ah! É claro que também existe o fato de ele ser um tiefling, um ser tocado por um dos nove infernos, mas, se minha palavra servir de consolo, coloco minha mão no fogo por ele.
Um trunfo em meu exército se chama Shion, um legítimo elfo arqueiro da Floresta dos Mil Sussurros. Austero e sempre certeiro, Shion elimina metade dos inimigos antes mesmo que eles cheguem em combate corpo a corpo. É um sujeito de poucas palavras, sempre tento me comunicar mais com ele, porém, o silêncio é algo que ele sempre carregou. Talvez por causa do lugar onde ele nasceu, não entendo bem...
Por fim, existe a minha querida e amada, Carmilla...
Oh, sim! A sortuda conquistadora do coração de Fleghias...
Não sei como teria sobrevivido tantos anos sem a existência dela. Ela é mais do que somente uma aliada.
Há suspeitas de que ela é uma reencarnação da deusa Valerie!
Beleza: ela tem para isso (Risos). Acredito que sim. Se Valerie um dia resolveu me recompensar por minhas vitórias e preces, não haveria melhor presente do que Carmilla em minha vida. Ela me dá... poder.
É muito lindo saber que existe um amor tão profundo e sincero como o de vocês, Fleghias. Eu desejo muitas felicidades para o casal, em suas eternidades.
Eu fico demasiado agradecido pelo seu sincero desejo.
Eu sou quem mais agradeço pela sua presença admirável. Meu querido Fleghias, você, talvez, não saiba o quanto é difícil fazer com que certos heróis e populares deem atenção ao meu humilde divã. Sempre foi um trabalho árduo convencer a todos, mas você... bem, você parece sempre estar feliz em nos encontrar...
Eu acredito, seriamente, que essa aproximação que você me oferece para com o meu público, os inocentes que têm tudo a temer, mas, que ainda assim trabalham dia após dia esperando a luz no fim do túnel, seja deveras necessária. Eu me sinto bem dando explicações à todos. Sempre farei isso com um sorriso no rosto.
A conversa está ótima, mas, infelizmente, o Divã de Minerva tem um horário de término. Eu queria agradecê-lo novamente, em nome de todos, pelo seu carisma e fique sabendo que minha admiração por você só aumentou!
Estou grato. Tenho certeza que nos veremos de novo, em breve...
Então, é isso pessoal! Essa foi mais uma sessão do Divã de Minerva, aqui, em Draganathor. Por favor, continuem assíduos ao nosso teatro, nós estamos preparando muita coisa inédita e especial para vocês.
E lembrem-se, se o seu nome chegou aos ouvidos do povo, tenha a certeza: O Divã irá até você!
Tenham um bom dia!
[...]
Muito obrigada pela presença de todos em mais uma de minhas famosas entrevistas. Eu sou Madame Minerva e este é o meu divã! (aplausos).
Todos os dias eu e minha zelosa equipe trabalhamos duro para saciar a curiosidade de vocês, espectadores. Se vocês querem saber mais do que somente os feitos heroicos dos populares ídolos do nosso mundo, se você deseja saber o que eles fazem em seus horários vagos, quais são suas paixões ou curiosidades magníficas sobre suas existências... vocês vieram ao lugar certo. O meu divã! (riso exageradamente carismático).
Hoje, mais uma vez, retornamos à terra que todos consideram o centro do mundo. A capital magnífica de Draganoth, onde toda a magia acontece, onde a taxa de criminalidade beira à zero e onde os incríveis dragões compartilham de suas maravilhosas e bem-vindas presenças com, nós, meros e belos mortais. Oh! Sim... Draganathor, a Torre da Dragocracia! Estou lisonjeada de poder ver todos vocês de novo. De longe a minha plateia mais assídua.
Quero agradecer aos meus fãs e seguidores... queria dizer que sem eles meu trabalho não significaria nada! Obrigada! Eu agradeço de coração... (charme choroso forçado).
E já que o meu divã já está montado e meu ilustre convidado já está pronto para me dar a honra de sentar-se nele, quero chamar, sob uma salva de palmas de todos os presentes, o belíssimo, heroico, imortal, gracioso e único... ... Fleeeeghias!
(Aplausos)
(Mais aplausos)
(Riso agradecido) Muito obrigado pela ótima recepção, plateia. Minha lindíssima Minerva, você só faz rejuvenescer a cada dia. Seu semblante está maravilhoso...
Isso certamente é um elogio grandioso vindo de você, meu querido Fleghias. Lembro-me da última vez que o vi... já faz quanto tempo?
Três, quatro anos, talvez? Esses tempos estão passando muito rápido...
Exato! Ainda me recordo do susto que tomei quando você revelou a sua idade em nossa primeira entrevista...
(Risos) Você ainda permaneceu perfeitamente linda mesmo enquanto se engasgava com aquele chá...
Ah! Por Valerie! Por favor, não me lembre disso... vamos mudar de assunto... (risos) ... voltemos à você. Então, poderia nos revelar a sua idade para que os presentes saibam o porquê de meu susto?
(Risos) Claro. Eu tenho mil cento e quarenta e sete anos.
Uau! Isso é realmente impressionante... mais de mil anos! Você deve existir desde o início da era passada.
Nasci no final da Segunda Era.
Você deve ter presenciado muita coisa! A destruição de Citadel, a criação da Torre da Dragocracia, o aprisionamento de Marduk em Xea'thoul! O renascimento de Splendor...
Pois é, já vi muitas vitórias e derrotas de Splendor...
Oh, mas que assunto triste. Sinto muito, você deve ter presenciado muito do mal que se propagou pelas eras anteriores.
Há sempre esperança, não é? Não se preocupem quanto à isso. Uma essência primordial é imortal... alguém um dia vai encontrar ela...
Você! Você não seria um ótimo candidato para manipulá-la?
Estaria mentindo se dissesse para você que nunca tentei encontrá-la enquanto tive tempo. Quero dizer, antes da essência de Splendor renascer em outro mortal. Essa ambição faz parte do meu ser imortal. Não ser maculado pela ação do tempo me concede vantagens óbvias, mas, também devo carregar o fardo de ter de presenciar todos os meus aliados e amantes morrerem. Também, com o tempo, a minha mente feérica não me permite continuar na mesmice... preciso alcançar algo a mais. Um status de divindade, talvez...
Então, estamos olhando para um provável candidato a novo deus primordial?
Porque não? (risos).
Tenho certeza de que se essa decisão fosse resolvida por popularidade, meu querido, você já seria nosso novo Splendor.
(Risos) Fico lisonjeado por suas boas palavras.
E não estou exagerando... é do conhecimento de todos aqui que o glorioso grupo de mercenários denominado "A Fênix Branca" vem colecionando vitórias para o lado da luz durante... MIL anos!
Tentamos fazer o que está ao nosso alcance.
Quanta modéstia! ...meu querido Fleghias, poderia nos contar qual foi sua última grande vitória?
Seria demasiado egoísmo falar que foi a MINHA grande vitória. Meus aliados sempre estiveram comigo, compartilhando a mesma força. A Fênix Branca é algo real, é uma esperança para o povo necessitado. Certamente não somos paladinos, nem tampouco seguimos os dogmas de alguma religião, mas, estamos dispostos a arriscar nossa vida em prol ao bem maior. Gostaria que existissem mais pessoas assim. Elas seriam bem-vindas em minha guarda.
Emocionante discurso, mas, você ainda não nos revelou seu último feito, meu querido e discreto herói. Vamos, pode falar sem pausas, agracie-nos com suas histórias!
Nosso grande último feito foi resgatar a Lança do Império de Azran das mãos dos orcs de Katarsh'motta. Ficamos felizes em ajudar o nosso, desde sempre aliado, Lorde Irun. Aquela arma significava muito pra ele.
Para quem não sabe, Katarsh'motta é um continente árido, formado de canyons e povoado por orcs praguejadores. Um inferno em terra, com certeza, mas, tenho certeza de que as tropas orcs não foram suficientes para a Fênix Branca.
Embora tenhamos eliminado milhares da raça em nossa jornada, uma coisa nós aprendemos: jamais menospreze a capacidade dos orcs. Eles têm habilidades que sempre nos surpreende e, estão, a cada era, fortificando suas maldições. Na segunda era, os orcs não eram conhecidos por suas eficiências em rogar pragas. Isso foi algo que eles desenvolveram de forma árdua e mortal, escarificando seus corpos e resistindo à doenças milenares. Eles estão dispostos à tudo e, eu não me surpreenderia, se eles fossem a próxima ameaça desse mundo.
Isso seria péssimo! Mas, ouvi dizer que vocês enfrentaram algo muito mais grandioso naquelas terras, estou enganada?
(Risos). Não, não está. Ferimos o reino dos orcs e eles despertaram algo que estava no estômago de seu lar. Acreditamos que aquela criatura fosse um dos doze colossos.
Os colossos que vieram na "Queda do céu"?
Esses mesmos.
Este é o segundo colosso eliminado pelas forças da Fênix Branca, não é?
Sim. O primeiro foi encontrado e derrotado em Asaron, antes de Zarast tornar-se a cidade de carne. Ajudamos o Príncipe Aisen a defender seu reinado.
Oh, sim! O Príncipe Aisen... chega a ser mau agouro falar sobre esse traidor!
Dá até certo temor comentar isso aqui, em Draganathor, mas, eu tenho uma opinião pessoal sobre o príncipe de Asaron.
Qual seria? Estamos todos curiosos!
Pra mim, e para todos, está claro que o Príncipe Aisen sucumbiu ao sentimento de vingança que tinha contra os dragões. O veneno finalmente o fez realizar ações precipitadas, mas, eu tenho um forte pressentimento sobre o valor das pessoas e... bem, ele pode tê-lo perdido, mas, a verdade é que nunca conheci alguém de coração mais honrado e, quem sabe, bondoso, do que o líder de Zarast.
O quê? ...isso... isso é bastante conflitante!
Deveras. Entretanto, não há razão para não o considerarmos inimigo. A Fênix Branca está atenta às próximas aparições do príncipe.
Todos ficaremos muito mais calmos e seguros com essa informação. Todos nós confiamos na Fênix Branca, embora muitos da nossa plateia sequer saibam o porquê de vocês serem tão privilegiados de confiança. Diga-nos, Fleghias, porque a Fênix Branca é tão forte?
Eu devo essa fama, principalmente, à lealdade e capacidade de meus súditos. Devo, é claro, salientar os líderes de minha guarda. Eles sempre estiveram comigo.
Você poderia nos apresentar esses "líderes"?
Posso falar um pouco sobre eles. É claro que, infelizmente, eles não estão presentes. Eles estão... bem, eles estão em missão.
A gente entende. Então, por favor, continue...
Começarei por Locke Lion. Sempre o considerei o mais leal de meus soldados. Sua fé em mim é ferrenha. Locke era um soldado da antiga Citadel. Vocês podem imaginar o sofrimento dele quando viu sua terra natal ser dominada pelos dragões. Ele demorou bastante para se acostumar com isso, tivemos muita conversa sobre poder e governo. Ele está bem mais consciente agora.
Os anões me deram um presente ímpar: a confiança de um ser abençoado pelo deus Hefasto. Ghim é um azer, um anão feito de chumbo e fogo. Feroz e honrado, Ghim é o mais forte dentre os meus soldados. Suas chamas sagradas já amedrontam qualquer inimigo que nos encara. Devo muito a ele. Ele sabe disso.
Quando preciso de ações furtivas, infiltração ou, de alguma forma, agir de modo sutil, sempre posso contar com Sulfure. Ágil, confiante e cômico, essas são suas principais características. Ah! É claro que também existe o fato de ele ser um tiefling, um ser tocado por um dos nove infernos, mas, se minha palavra servir de consolo, coloco minha mão no fogo por ele.
Um trunfo em meu exército se chama Shion, um legítimo elfo arqueiro da Floresta dos Mil Sussurros. Austero e sempre certeiro, Shion elimina metade dos inimigos antes mesmo que eles cheguem em combate corpo a corpo. É um sujeito de poucas palavras, sempre tento me comunicar mais com ele, porém, o silêncio é algo que ele sempre carregou. Talvez por causa do lugar onde ele nasceu, não entendo bem...
Por fim, existe a minha querida e amada, Carmilla...
Oh, sim! A sortuda conquistadora do coração de Fleghias...
Não sei como teria sobrevivido tantos anos sem a existência dela. Ela é mais do que somente uma aliada.
Há suspeitas de que ela é uma reencarnação da deusa Valerie!
Beleza: ela tem para isso (Risos). Acredito que sim. Se Valerie um dia resolveu me recompensar por minhas vitórias e preces, não haveria melhor presente do que Carmilla em minha vida. Ela me dá... poder.
É muito lindo saber que existe um amor tão profundo e sincero como o de vocês, Fleghias. Eu desejo muitas felicidades para o casal, em suas eternidades.
Eu fico demasiado agradecido pelo seu sincero desejo.
Eu sou quem mais agradeço pela sua presença admirável. Meu querido Fleghias, você, talvez, não saiba o quanto é difícil fazer com que certos heróis e populares deem atenção ao meu humilde divã. Sempre foi um trabalho árduo convencer a todos, mas você... bem, você parece sempre estar feliz em nos encontrar...
Eu acredito, seriamente, que essa aproximação que você me oferece para com o meu público, os inocentes que têm tudo a temer, mas, que ainda assim trabalham dia após dia esperando a luz no fim do túnel, seja deveras necessária. Eu me sinto bem dando explicações à todos. Sempre farei isso com um sorriso no rosto.
A conversa está ótima, mas, infelizmente, o Divã de Minerva tem um horário de término. Eu queria agradecê-lo novamente, em nome de todos, pelo seu carisma e fique sabendo que minha admiração por você só aumentou!
Estou grato. Tenho certeza que nos veremos de novo, em breve...
Então, é isso pessoal! Essa foi mais uma sessão do Divã de Minerva, aqui, em Draganathor. Por favor, continuem assíduos ao nosso teatro, nós estamos preparando muita coisa inédita e especial para vocês.
E lembrem-se, se o seu nome chegou aos ouvidos do povo, tenha a certeza: O Divã irá até você!
Tenham um bom dia!
[...]
Fleghias, líder da Fênix Branca |
Agenda de Volke - Bloco de Anotações - parte 2
As informações coletadas a seguir foram transcritas à risca de um dos blocos de anotações de Eliah Volke. O, provável, jovem escritor tem seu paradeiro desconhecido, entretanto, antes de seu desaparecimento, ele nos presenteou (através da excêntrica mania de escrever tudo que presenciava) com informações preciosas sobre coisas que nenhum outro indivíduo conseguiu testemunhar, até o determinado momento.
É importante salientar que o bloco de anotações estava deteriorado quando o achamos e que algumas páginas foram perdidas, enquanto outras puderam ser restauradas através de magia e muita paciência. O conteúdo mostrado a seguir ainda permanece cercado de mistérios e dúvidas.
Duas páginas de anotação deterioradas que antecipam a seguinte leitura, foram perdidas, tornando parte do entendimento confuso e, talvez, até mesmo, desconsiderado.
... minha impressão é a de que tudo que passei até me livrar das engrenagens não havia sido o bastante e não importa o quão cansado e ferido eu estava, senti como se estivesse sendo poupado. Seria tolice, entretanto, agradecer ao nada... ou ao tudo.
Não senti minhas pernas. Qualquer um ficaria em estado de choque ao ver os pés esmagados e retorcidos como os meus estavam. Parecia que eu havia acabado de sair de uma máquina de tortura, daquelas das mais antigas e cruéis. Sentia que minhas costelas não estavam em melhor estado e o meu fôlego demorava a acalentar a garganta. Eu iria morrer, é claro. E, nem assim, o medo tomava conta de mim. Então, olhei para minhas mãos e, acho que, em toda minha vida, nunca havia expressado um sentimento que chegasse tão próximo do pânico - embora, realmente, eu não saiba do que estou falando - as lágrimas brotaram aos borbotões em meu rosto, acumuladas pela tristeza de ter perdido meu instrumento de ofício. Onde estavam meus dedos?
Apenas quando minha vista se limpou, notei que estava suspenso em uma mesa alçada por correntes e engrenagens e que haviam tantas outras ao meu redor. Tinha outras vítimas comigo. No mesmo estado. A voz mal conseguiu ecoar pela minha boca, mas, finalmente pude gritar "Socorro! Alguém aí? Me ajude!" e o som se propagou na sala que aparentava quilômetros de extensão.
- Olá, experiência!
Aquela voz infantil e cavernosa chegou aos meus ouvidos...
- Você já pode se mexer? Incrível! Em menos de 24 horas!
- Quem é você?
Era um anão. Pelo menos aparentava ser. Tinha longas barbas negras, um par de óculos garrafais no rosto, um nariz protuberante, dentes amarelados e um corpo robusto, porém bastante ágil e eficiente. Ele estava escalando as correntes com a mesma facilidade que um macaco pula entre os galhos de uma árvore.
- Bem vindo de volta à vida! Sou Ingram, um ansioso contemplador das artes de meu senhor, o Barão da Máscara de Ferro!
- O Barão... ele... ele fez isso comigo!
- Ora, mas, espere... você ainda está sangrando!?
- Como não poderia sangrar? Veja o meu estado! A dor é lancinante!
- Não... você não entende. Forjados não sangram. Não lidamos com necromancia, aqui é... outra coisa...
- Do que está falando?
- Da magia mecânica, seu estúpido! A magia do futuro! Alguma coisa deve ter dado errado...
- Por favor, me ajude. Minhas mãos... eu... eu preciso delas...
- O que poderia ter dado errado, oras?
- Você está me escutando? Eu não sinto o meu corpo, apenas essa dor...
- Os fusíveis estão ligados aqui. Toda a aparelhagem está nos quites...
- O que você está fazendo aqui? O que o Barão mantém em segredo?
- Um segredo!? ...Hum... Não se preocupe com isso. Logo, isso não será segredo pra ninguém!
Ele disse isso com um sorriso estúpido no rosto e eu pude vê-lo desaparecer da minha vista.
- Espere! Por favor, não vá!
Mas, ele ainda estava ali, tateando algum coisa mecânica embaixo da minha mesa e... girando. Girando uma manivela enferrujada que fazia minha mesa de "experiência" se movimentar lentamente. O meu corpo estava sendo erguido. Pude sentir o sangue, ainda quente, banhar o meu resto de corpo.
A mesa inteira ficou de ponta à cabeça e, então eu vi aquilo...
- Viu só? Não tem como o barão esconder isso por muito tempo!
Eu estava a muitos e muitos metros do chão, preso à esta mesa junto com dezenas... não! ... CENTENAS de outros cadáveres que estavam na mesma situação. As paredes recheadas de engrenagens sustentavam correntes e mecanismos que elevavam incontáveis outras mesas de experiência. Um ar quente jorrava nuvens de fumaça rápidas que nublavam o ambiente e demorou para notar que, no meio daquela densidade, ali estava sendo praticado o maior e mais prepotente ofício que um humano poderia exercer nestes tempos.
- Eu... eu... estou curioso. Me conte mais!
[...]
Ingram. Rabiscos encontrados no bloco de anotações de Volke. |
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quarta-feira, 16 de novembro de 2016
Jornalismo em Draganoth - parte 4
A Luneta (Notícias de Rivergate)
Ezra Roseanne, Sacerdotisa-mór de Amaryllis |
Entrevista com Ezra Roseanne, sacerdotisa-mór do Templo de Amaryllis, em Rivergate
Após recusar-se a realizar a entrevista por três vezes, Ezra Roseanne, a considerada líder das sacerdotisas de Amaryllis, foi pressionada pelos curiosos e seu templo resolveu (finalmente) dar explicações sobre as atividades recentes da religião.
Considerada a religião mais associada à extinta crença em Splendor, as sacerdotisas de Amaryllis parecem carregar o peso do mundo em suas costas quando se trata de revolução religiosa. Dentre todas as religiões capazes de realizar algum ato contra o perigo rastejante das Hordas Trôpegas, a crença em Amaryllis é a mais próxima dos reinos ocidentais, assim como também considerada uma das mais efetivas contra o inimigo.
Com a morte de Samantha Lettaway, a, ainda jovem, Ezra foi intitulada sacerdotisa-mór e anda impressionando à todos com sua excêntrica falta de estereótipo referente às clérigas da deusa da vida. Conhecidas pelo dom da diplomacia e pela paciência impecável, as sacerdotisas de Amaryllis são grandes oradoras de suas regiões e trazem paz e sabedoria para seus recintos. Ao contrário destas, Ezra prefere utilizar-se do silêncio e do mistério para esconder suas atitudes, tornando-a um ser ímpar entre as comunidades que veneram a deusa da cura.
[...]
Sentimos muito por fazer você perder seu precioso tempo, Ezra, mas essa entrevista é de um nível de importância considerável para o mundo. Como você já sabe, com a recente derrota permanente de Splendor, a deusa Amaryllis é considerada a divindade mais próxima de nós mortais, o que dá certa relevância à sua religião.
Nós, sacerdotisas de Amaryllis, não procuramos "relevância". Aceitamos o nosso dom pois ele foi provido pela bênção de nossa deusa e sabemos que nosso caminho precisa ser regado com paciência e humildade.
Todas as religiões carregam dogmas e crenças bastante rígidas, mas, o caminho de Amaryllis parece possuir regras ainda mais inflexíveis. Poderia nos dizer quais são seus métodos para alcançar a fé e porque devem fazê-lo?
Todas que recebem os poderes da nossa religião são mulheres. Somos tocadas por Amaryllis desde o nascimento. Devemos permanecer puras até sermos capazes de entender o significado que é o milagre que nos torna receptáculo dela. Se amamos alguém intimamente a ponto de realizar uma cerimônia devemos fazê-lo uma única vez na vida e permanecer fiel ao cônjuge mesmo se a morte nos separar. A bênção de ser mãe nos é mais do que sagrada. Somos capazes de sentir quando é a hora certa. Além disso, não portamos armas ou armaduras, nem recebemos treinamento para isso. Isto se chama voto da não-violência.
É esquisito esperar que vençamos essa guerra através da diplomacia. Quais são suas armas contra as Hordas Trôpegas?
Somos as sacerdotisas da vida. Respeitamos a morte como um ciclo natural dela, mas as hordas trôpegas são uma profanação sobrenatural à existência. Nossa voz é capaz de dissipar a energia negativa que emana desses mortos-vivos e nosso toque é como água benta sendo aspergida em um vampiro. A magia da vida é a magia mais efetiva contra a morte.
Você nos fez esperar bastante por uma entrevista. Há algum motivo para ter rejeitado nossos primeiros pedidos?
Talvez eu seja tímida demais.
... Talvez. Enfim, o Templo-mór de Amaryllis localiza-se em Rivergate, e, por muito tempo, sua religião não foi vítima de desconfiança, porém, é imprescindível comentar que vocês tiveram tempo e espaço o suficiente, e sem vigilância das crenças vizinhas, para realizar ...coisas...
O que você está insinuando?
Quais eram suas práticas e rituais no templo-mór durante todo esse tempo em que se mantiveram reclusas?
Buscamos um ambiente recluso porque nossos métodos exigem uma contemplação sagrada do ciclo da vida, um lugar tranquilo e longe da impureza da maldade nos ajuda a fazer isso. Nossos rituais são cânticos de adoração, comunhão com a natureza, meditação e tratamento dos feridos. Nossa ala médica mantém hospitalários e tentamos sanar doenças e maldições de vítimas indefesas.
A alguns anos, um estranho comboio foi visto atravessando as planícies alagadas de Rivergate em direção ao Templo-mór de Amaryllis. Alguns indivíduos descreveram a comitiva como exageradamente armada. Ao que tudo indica, guerreiros escoltavam algo maligno por aquelas paragens, em direção ao sagrado santuário de vocês...
Como você obteve essa informação?
...o comboio nunca mais foi visto. Os guerreiros guardiões desapareceram para sempre. É claro que levantaram-se suspeitas. Poderia dar uma palavra sobre esse acontecimento?
Eu não sei do que você está suspeitando, mas, algumas notícias não deveriam ser simplesmente divulgadas para qualquer um. O medo gosta de se alimentar das mentes mais fracas.
Então você defende o fato de que a ignorância é necessária para algumas pessoas...
Percebo que você tem a árdua tentativa de distorcer o que falo.
Percebo que você evita responder uma pergunta simples.
O comboio nos trazia uma besta. Um demônio. Um diabo e, se preferir um maior conceito: uma criatura maligna vinda de planos negros que devoram almas e praguejam contra nossas vidas. Sim, a coisa foi arrastada até nossos jardins e nosso intuito era praticar um exorcismo! Não sei como chegaram a saber disso, a sapiência desse tipo de ritual deveria ser acobertada...
O mundo tem bastante olhos, Ezra. Então, se o propósito é a realização de um ritual sagrado com o intuito de proteger a nós, mortais, porque isso deveria ser mantido em segredo?
Você mesmo disse que o mundo tem bastante olhos. Nem todos que observam são donos de atitudes bondosas.
O exorcismo foi concluído?
Isso não interessa a você.
Interessa não somente à mim, mas também a todos os leitores assíduos do Luneta. Poderia responder a pergunta sem desvio?
Não!
Então, tudo leva a crer que o exorcismo não obteve êxito e que a religião de Amaryllis falhou. Só podemos concluir que o poder da deusa da vida não está à altura dos antigos servos de Splendor. Que palavras você poderia falar para nossos leitores para provar o contrário?
Eu... eu...
Talvez seja muito cedo para as meninas da abadia enfrentarem o verdadeiro mal do mundo...
...
Em meio a uma aterrorizante época de morte e doença, as sacerdotisas demoram a tomar uma atitude e nos deixa duvidosos sobre suas capacidades...
...
Mordae se pronunciou a algumas semanas revelando que os deuses nos abandonariam e que tudo o que nos resta é esperar mais de nós mesmos e confiar nos estudos acumulados pelos mortais. O que você acha dessa revelação, Ezra?
ESCUTE AQUI, SEU DESGRAÇADO!
EU AINDA POSSO SENTIR O LEVE RASTRO DE BÊNÇÃO QUE SUA PARTEIRA DEIXOU EM VOCÊ ANTES DE TIRÁ-LO DO MEIO DAS PERNAS DE SUA MÃE! ELA ERA UMA SACERDOTISA DE AMARYLLIS!
AINDA CRIANÇA, A PRAGA ORC LEVOU PARTE DE SUA FAMÍLIA E IRIA LEVÁ-LO TAMBÉM, NÃO FOSSE O MILAGRE OFERTADO POR MINHA DEUSA À SUA EXISTÊNCIA!
QUANDO AQUELES MERCENÁRIOS AMEAÇARAM ESTUPRAR A SUA MULHER, UMA DE MINHAS SACERDOTISAS OFERECEU A PRÓPRIA BUCETA PARA LIVRAR ELA DO RISCO!
ANTES DE VOCÊ VIR PARA ESSA MALDITA ENTREVISTA, SEU FILHO CORREU EM SUA DIREÇÃO PARA ABRAÇÁ-LO, COM PERNAS SAUDÁVEIS CURADAS PELA DEUSA DA VIDA! COMO VOCÊ ACHA QUE ELE ESTARIA AGORA DEPOIS DAQUELE TRÁGICO ACIDENTE, NÃO FOSSE AS AÇÕES DIVINAS DAS SACERDOTISAS DE AMARYLLIS?
...
Essa entrevista está encerrada.
[...]
Sentimos muito por fazer você perder seu precioso tempo, Ezra, mas essa entrevista é de um nível de importância considerável para o mundo. Como você já sabe, com a recente derrota permanente de Splendor, a deusa Amaryllis é considerada a divindade mais próxima de nós mortais, o que dá certa relevância à sua religião.
Nós, sacerdotisas de Amaryllis, não procuramos "relevância". Aceitamos o nosso dom pois ele foi provido pela bênção de nossa deusa e sabemos que nosso caminho precisa ser regado com paciência e humildade.
Todas as religiões carregam dogmas e crenças bastante rígidas, mas, o caminho de Amaryllis parece possuir regras ainda mais inflexíveis. Poderia nos dizer quais são seus métodos para alcançar a fé e porque devem fazê-lo?
Todas que recebem os poderes da nossa religião são mulheres. Somos tocadas por Amaryllis desde o nascimento. Devemos permanecer puras até sermos capazes de entender o significado que é o milagre que nos torna receptáculo dela. Se amamos alguém intimamente a ponto de realizar uma cerimônia devemos fazê-lo uma única vez na vida e permanecer fiel ao cônjuge mesmo se a morte nos separar. A bênção de ser mãe nos é mais do que sagrada. Somos capazes de sentir quando é a hora certa. Além disso, não portamos armas ou armaduras, nem recebemos treinamento para isso. Isto se chama voto da não-violência.
É esquisito esperar que vençamos essa guerra através da diplomacia. Quais são suas armas contra as Hordas Trôpegas?
Somos as sacerdotisas da vida. Respeitamos a morte como um ciclo natural dela, mas as hordas trôpegas são uma profanação sobrenatural à existência. Nossa voz é capaz de dissipar a energia negativa que emana desses mortos-vivos e nosso toque é como água benta sendo aspergida em um vampiro. A magia da vida é a magia mais efetiva contra a morte.
Você nos fez esperar bastante por uma entrevista. Há algum motivo para ter rejeitado nossos primeiros pedidos?
Talvez eu seja tímida demais.
... Talvez. Enfim, o Templo-mór de Amaryllis localiza-se em Rivergate, e, por muito tempo, sua religião não foi vítima de desconfiança, porém, é imprescindível comentar que vocês tiveram tempo e espaço o suficiente, e sem vigilância das crenças vizinhas, para realizar ...coisas...
O que você está insinuando?
Quais eram suas práticas e rituais no templo-mór durante todo esse tempo em que se mantiveram reclusas?
Buscamos um ambiente recluso porque nossos métodos exigem uma contemplação sagrada do ciclo da vida, um lugar tranquilo e longe da impureza da maldade nos ajuda a fazer isso. Nossos rituais são cânticos de adoração, comunhão com a natureza, meditação e tratamento dos feridos. Nossa ala médica mantém hospitalários e tentamos sanar doenças e maldições de vítimas indefesas.
A alguns anos, um estranho comboio foi visto atravessando as planícies alagadas de Rivergate em direção ao Templo-mór de Amaryllis. Alguns indivíduos descreveram a comitiva como exageradamente armada. Ao que tudo indica, guerreiros escoltavam algo maligno por aquelas paragens, em direção ao sagrado santuário de vocês...
Como você obteve essa informação?
...o comboio nunca mais foi visto. Os guerreiros guardiões desapareceram para sempre. É claro que levantaram-se suspeitas. Poderia dar uma palavra sobre esse acontecimento?
Eu não sei do que você está suspeitando, mas, algumas notícias não deveriam ser simplesmente divulgadas para qualquer um. O medo gosta de se alimentar das mentes mais fracas.
Então você defende o fato de que a ignorância é necessária para algumas pessoas...
Percebo que você tem a árdua tentativa de distorcer o que falo.
Percebo que você evita responder uma pergunta simples.
O comboio nos trazia uma besta. Um demônio. Um diabo e, se preferir um maior conceito: uma criatura maligna vinda de planos negros que devoram almas e praguejam contra nossas vidas. Sim, a coisa foi arrastada até nossos jardins e nosso intuito era praticar um exorcismo! Não sei como chegaram a saber disso, a sapiência desse tipo de ritual deveria ser acobertada...
O mundo tem bastante olhos, Ezra. Então, se o propósito é a realização de um ritual sagrado com o intuito de proteger a nós, mortais, porque isso deveria ser mantido em segredo?
Você mesmo disse que o mundo tem bastante olhos. Nem todos que observam são donos de atitudes bondosas.
O exorcismo foi concluído?
Isso não interessa a você.
Interessa não somente à mim, mas também a todos os leitores assíduos do Luneta. Poderia responder a pergunta sem desvio?
Não!
Então, tudo leva a crer que o exorcismo não obteve êxito e que a religião de Amaryllis falhou. Só podemos concluir que o poder da deusa da vida não está à altura dos antigos servos de Splendor. Que palavras você poderia falar para nossos leitores para provar o contrário?
Eu... eu...
Talvez seja muito cedo para as meninas da abadia enfrentarem o verdadeiro mal do mundo...
...
Em meio a uma aterrorizante época de morte e doença, as sacerdotisas demoram a tomar uma atitude e nos deixa duvidosos sobre suas capacidades...
...
Mordae se pronunciou a algumas semanas revelando que os deuses nos abandonariam e que tudo o que nos resta é esperar mais de nós mesmos e confiar nos estudos acumulados pelos mortais. O que você acha dessa revelação, Ezra?
ESCUTE AQUI, SEU DESGRAÇADO!
EU AINDA POSSO SENTIR O LEVE RASTRO DE BÊNÇÃO QUE SUA PARTEIRA DEIXOU EM VOCÊ ANTES DE TIRÁ-LO DO MEIO DAS PERNAS DE SUA MÃE! ELA ERA UMA SACERDOTISA DE AMARYLLIS!
AINDA CRIANÇA, A PRAGA ORC LEVOU PARTE DE SUA FAMÍLIA E IRIA LEVÁ-LO TAMBÉM, NÃO FOSSE O MILAGRE OFERTADO POR MINHA DEUSA À SUA EXISTÊNCIA!
QUANDO AQUELES MERCENÁRIOS AMEAÇARAM ESTUPRAR A SUA MULHER, UMA DE MINHAS SACERDOTISAS OFERECEU A PRÓPRIA BUCETA PARA LIVRAR ELA DO RISCO!
ANTES DE VOCÊ VIR PARA ESSA MALDITA ENTREVISTA, SEU FILHO CORREU EM SUA DIREÇÃO PARA ABRAÇÁ-LO, COM PERNAS SAUDÁVEIS CURADAS PELA DEUSA DA VIDA! COMO VOCÊ ACHA QUE ELE ESTARIA AGORA DEPOIS DAQUELE TRÁGICO ACIDENTE, NÃO FOSSE AS AÇÕES DIVINAS DAS SACERDOTISAS DE AMARYLLIS?
...
Essa entrevista está encerrada.
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Jornalismo em Draganoth - parte 3
O Olho Arcano (Notícias de Mordae)
Razag Dháin, Senhor da Torre de Conjurador em Mordae |
Pronunciamento de Razag Dháin, senhor da Torre de Conjuração em Mordae após uma reunião com os demais senhores das torres.
"Devido aos ocorridos nos últimos cinco anos e, levando em conta o meio mundo de mistérios e segredos que culminaram na criação de cicatrizes profundas no nosso mundo - como foi o caso do extermínio do reino de Azran e a chaga que se propaga pelo restante do reino de Asaron - concluímos que é de extrema importância que os senhores, expectadores, entendam e reconheçam que a nossa escolha de recrutar um senhor da Torre de Necromancia é uma tentativa pensada e repensada cuidadosamente pelos nossos mestres, para que os estudos nessa arte, muitas vezes compreendida somente como magia negra e que reina sobre a morte, sejam mais adequadamente explorados.
Nossa discussão sobre o ressurgimento da Torre da Necromancia, que havia sido extinta a mais de meio século após os imprevistos com o Senhor das Hordas Trôpegas (Saulot, antigo senhor das artes necromânticas de Mordae), trouxe à tona a importância de enriquecer nosso conhecimento sobre a escola necromântica, uma vez que entender sobre a principal arma do inimigo nos leva diretamente a resposta de como evitá-las e até neutralizá-las.
Nós nos pronunciamos, neste exato momento, sobre isso, porque também é de suma importância que todos aqueles que procuram se atualizar com a situação do mundo e que darão zelo a esta informação, entendam que essa divulgação tem como objetivo acalmar os ânimos daqueles que podem suspeitar que Mordae está tentando se unir às Proles Sombrias e seus aliados. De forma nenhuma.
Qualquer escola de magia pode ser usada em prol ao mal, tanto quanto para o bem. Em nossas torres, o estudo da necromancia terá como objetivo a segunda alternativa. Nós concluímos que o estudo da arte da morte e vida é exacerbadamente rico e cheio de propósitos para simplesmente ser esquecido e, também, que outros praticantes irão valorizar seus estudos aquém de nossa vigilância. O reino de Mordae não pode ficar para trás nesse quesito. Devemos ser pioneiros na arte de todas as escolas de magia.
Dito isso, me ausento, para que vocês façam suas respectivas perguntas e levantem argumentos para a nova mestra da Torre de Necromancia, Alexia Vinland.
[...]
Alexia Vinland, Senhor da Torre de Necromancia em Mordae |
Entrevista com Alexia Vinland, recente Senhora da Torre de Necromancia em Mordae
Estamos impressionados com você, Alexia. Além da admirável beleza, notasse que você é bastante jovem e, levando em conta que você é uma humana, talvez você seja um prodígio das artes necromânticas. Diga-nos, quantos anos você tem?
Obrigado por notar. Não é fácil manter a boa aparência quando seu ofício envolve lidar com sangue, ossos e magia negra, além de ter de manter uma certa distância do sol para que eu não exploda em milhares de partículas cinzentas (risadas). Estou brincando. Não sou uma vampira. Devo ser o que você disse: um prodígio. Tenho 21 anos, muito bem vividos, por sinal.
Como você descobriu que tinha talento para as artes necromânticas?
Uma história engraçada. Sabe... quando eu era criança tinha bastante amigos imaginários. Não demorou muito pra perceber que esses amiguinhos, na verdade, eram espíritos carentes querendo alguém para conversar (risadas). Claro que eu entrei em desespero quando soube (risadas), mas, enfim, minha mãe me ajudou a compreender tudo isso.
Sua mãe, simplesmente, entendeu que você podia conversar com espíritos? Qual foi a reação dela?
Sim, é claro. Veja bem, minha mãe se chamava Aretha Vinland e ela era uma bruxa. Me ensinou muitos truques antes de ser enforcada (risadas).
Meus pêsames. Você deve ter sentido muita dor.
Bem, sim... mas, você deve entender: eu falo com espíritos. A morte não é um desagrado pra mim. Às vezes ainda posso contactá-la. Que bom que não a jogaram numa fogueira (risadas).
Bem... sim. Acho que sim. Então, Alexia, até onde sabemos, para se tornar um Senhor da Torre em Mordae é necessário que você tenha uma inteligência aprofundada sobre o assunto e que saiba, de alguma forma, lecionar sobre isso. Sua idade nos confunde, você tem experiência o bastante para isso?
Acho que sei bastante coisa. Eu convenci os outros senhores, não é? (risadas).
E quanto à lecionar, bem... eu já tive um pupilo. Era um elfo. Elfos são sempre bons com magia. Talvez esse não, mas, sem dúvida, ele sabia "lidar" com mortos-vivos.
Ah, então você já foi uma mentora. Quem é e aonde está o seu pupilo agora? Ele deve estar te seguindo nessa tarefa árdua de transformar-se numa Senhora da Torre de Necromancia.
Na verdade, não. Acho que ele morreu. Tentei contactá-lo algumas vezes. Até tentei me comunicar com um "amiguinho selvagem" dele, mas, de alguma forma ele desapareceu para sempre. As magias de adivinhação não ajudaram minha procura. É como se ele tivesse sido esquecido pelo mundo. O nome dele era algum anagrama em élfico... não me lembro mais.
Essa história me parece bem confusa. Então, você não se lembra quem é o seu pupilo?
Está confuso pra mim também, mas, não posso dar mais informações. É tudo que sei. De verdade.
OK. Alexia, você já deve ter ouvido falar bastante sobre o antecessor de seu atual status. Poderia nos revelar alguma coisa a mais sobre Saulot, o senhor das hordas trôpegas?
Bem... ele parecia ser um velhinho simpático.
Um velhinho simpático?
Sim. Pois é... antes de ser um lich, ele foi um humano. Saulot não nasceu morto (risadas) Morto-vivo. Ele tornou-se um, depois de muito trabalho árduo.
Parece que você respeita o lado dele...
Ele era esforçado. Ninguém pode negar. Eu respeito essa atitude, mas, não a de tornar-se um imperador insano criador de uma legião de mortos-vivos.
Ah, sim! ...Pareceu mais convincente agora...
(Risadas) Não se preocupe. Eu não sou dessas. Não pretendo transformar tudo em mortos-vivos. Apenas metade de tudo (risadas). Estou brincando... isso foi apenas para aliviar. Gosto bastante desse estereótipo vilânico que o necromante carrega (risadas) brinco muito com isso. Mas não é verdade tudo o que contam... sabe? Seres pálidos que invocam demônios e criam mortos-vivos, bah! ...isso é só uma porcentagem do que podemos fazer.
Mudando de assunto... nós notamos que você carrega consigo uma espada. Bem atípico, não é? Magos e feiticeiros não costumam usar armas brancas...
Vai falar isso para os conjuradores da Torre de Transmutação (risadas). Mas, eu entendo... todos nós carregamos estereótipos. Essa espada é parte da fonte de meu poder, ela se chama a Lâmina das Bruxas, uma herança que a minha mãe e minhas tias deixaram pra mim. Ela carrega alguns poderes necromânticos e, é claro, só responde a mim.
Você falou muito sobre sua mãe, mas, e quanto ao seu pai?
Não tenho a mínima ideia de quem seja ele, mas, acho, que ele já tenha morrido.
Meus pêsames...
Para quê? Não me fez falta.
Muito bem... para concluirmos nossa entrevista, eu queria que você dissesse o que pretende fazer em primeira instância agora que foi declarada Senhora da Torre de Necromancia.
Eu pretendo ajudar Mordae a adquirir informações sobre o inimigo. Desde criança eu tinha bastante apego à esse reino, sabe? Mordae, a capital da magia! É impressionante para mim. Agora estou aqui, realizando um sonho, do alto de uma das torres mais altas do reino, devo salientar (risadas).
(Risadas) OK, Alexia. Foi um prazer conhecê-la, eu espero que você consiga alcançar seus objetivos. Para mim, você parece merecer o cargo...
(Risadas) Você é um fofo! Foi um prazer conhecê-lo também. Já vou indo... ... ...ah! ...e cuidado com o teto frágil...
O-o quê???
(???)
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Agenda de Volke - Bloco de anotações Nº 1
É como eu li certa vez em um livro daquele pouco célebre escritor (desmerecidamente) Balthazar de Rivergate: "O medo é irracional. Ele rompe e rui amores, arruína longas confianças, põe à prova a fé e cria uma barreira em nossos sonhos. O que seria da vida mortal sem todas essas decepções?". Entendi que, de certa forma, mesmo que humana e inferior, o medo é uma proteção para nossa existência e pode ser considerado uma prudência confiar nele.
Você que sente medo é prudente. Você, de alguma forma, vai evitar a morte. Eu não. Eu não sei o que é isso. Não sei o que é medo, por isso, todas as minhas decisões parecerão imprudentes para você. Uma tremenda sorte eu estar vivo.
Bem, para começo de história: Não existem dias de céu limpo na Cidadela de Ferro. Sempre há aquela tóxica nuvem de ferrugem pairando no ar e cobrindo a luz do sol. As pessoas daqui se vestem diferente. Digamos até que, de certa forma, excêntrica. Mas você se acostuma rápido e logo adota a mesma moda... bem, se não adotar, existe uma boa chance de você morrer sufocado aqui nessa cidade.
Estava num lugar chamado a Taverna da Engrenagem Enferrujada (um nome bem demonstrativo para a região). Tudo que queria era alguma história. Eu sempre quis escrever livros, acho que tenho um pouco dessa arte convincente em mim. Quando eu era pequeno, minha mãe me entregou a um bardo com a intenção de eu tornar-me um aprendiz. Não deu certo. Apesar de saber expressar em palavra escrita, eu era um péssimo comunicador (sem falar nas canções bárdicas que sempre me pareciam inalcançáveis. Exato. Não tenho talento nenhum para música). Logo estava de volta nos braços de minha mãe, mas, não por muito tempo. Sair de casa e me "aventurar" com aquele bardo me despertou um sentimento de liberdade incurável.
Mas, voltemos à tal taverna. Eu estava lá, farejando notícias. Tenho um sexto sentido para isso. Sei quem pode me dar histórias verdadeiras. Não havia ninguém lá. Sentei-me e esperei até o momento em que aquele sujeito medonho, encapuzado, de armadura pesada e uma longa foice nas costas adentrou o recinto. Meu faro funcionou como nunca! Ia me levantar e tentar indagá-lo de alguma forma. Foi então que ele armou-se da foice e arrancou a cabeça de um sujeito qualquer em meio à dezenas de observadores. Depois, deu meia volta e saiu da taverna deixando o rastro de terror pelo ar.
Eu só queria tentar me aproximar dele, mas o invólucro de pessoas absortas pela cena me impediu. Demorou algum tempo até conseguir informações sobre o rastro do estranho. Ele havia pego uma das barcaças ao redor da cidade e remado até a temida Floresta Cinzenta. Um lugar macabro, cheio de bruxas com habilidades peculiares e que todos temiam deparar-se. Menos eu, é claro. Sou imprudente demais, a curiosidade sempre vence em mim. Facilmente.
Dizem que a Floresta Cinzenta é protegida por uma ilusão constante conjurada pelas bruxas. Também falam que as árvores do local se movimentam quando ninguém está olhando e que isso dificulta bastante o trabalho dos rastreadores. Então, talvez eu tenha tido sorte, pois não me senti perdido naquele pântano escabroso. Tudo o que fiz foi guiar-me pelo nariz em direção àquele terrível cheiro de morte.
Isso me levou até um amontoado de corpos entrelaçados de bruxas. Suas cabeças estavam separadas do corpo e amarradas como um pêndulo nos galhos das árvores vizinhas. Eu me aproximei descuidado e fui surpreendido pela silhueta algoz do homem da foice. Tentei me comunicar, mas ele partiu para cima de mim, com a foice longa e sua lâmina cortando o ar como uma lua minguante. Me afastei e tropecei esbarrando em uma árvore que ostentava a cabeça de uma das bruxas. A foice atingiu pouco acima de mim, cortando a corda de cânhamo que prendia o troféu de meu atacante.
"Eu só queria fazer algumas perguntas" - tentei ser o mais diplomático possível, embora soubesse que eu não era bom nisso.
Ele me olhou, com seu olhar de morte, e falou: "Você não tem medo de mim?"
"Eu deveria ter, mas, com todo respeito, não. Talvez eu tenha um parafuso a menos. Aquele que me falta, tirou-me a prudência de minhas decisões."
O guerreiro tirou a lâmina da foice da fenda que ela havia desenhado na árvore e apanhou a cabeça da bruxa, analisando a corda partida.
"Isso não é imprudência. Não ter medo é uma bênção reservada à poucas pessoas." - ele me contou enquanto emendava a cabeça cortada de volta à árvore.
"Então, eu posso fazer as perguntas?" - bem... eu não havia desistido de minha missão.
Ele me olhou como se estivesse enxergando além do que podia ser visto e respondeu: "Parece que sim..."
E eu perguntei, enquanto ele preparava a carnificina com as bruxas.
O que você está fazendo?
Matando bruxas. Matando, empilhando, cortando suas cabeças, queimando.
E tem algum motivo maior pra que você faça isso? De alguma forma, eliminar essas ameaças parece... bem... parece uma boa atitude...
Esse é o ofício que foi reservado à mim por minha deusa. Essas bruxas pecam contra a mortalidade. Vivem mais do que devem. Meu trabalho não tem nada a ver com a proteção da Cidadela de Ferro.
Quem é a sua senhora?
Veronicca, a deusa da morte.
Nunca conheci um algoz de Veronicca!
(Ele me olhou com desconfiança) Bom para você...
Err... bem, você já deve saber que eu o segui até aqui. Estava na Engrenagem Enferrujada, a taverna onde você arrancou a cabeça de um inocente em meio à dezenas de olhares assustados.
Eles ficaram amedrontados, foi?
Sim... é claro. Quem não ficaria?
Você.
Bem, é verdade. Então, porque você fez aquilo? Missão para a sua deusa?
Não. A morte dele e a dos outros fazia parte de uma missão temporária?
A morte dos outros? Você fez mais vítimas na Cidadela de Ferro?
Cinco. Seis se você estiver contando com este último.
Se não era para a sua deusa, então porque esses assassinatos foram realizados?
Para satisfazer os caprichos de um barão.
O Barão da Máscara de Ferro!
Acho que é assim como todo mundo o chama.
Então, você também trabalha para o barão?
Não. Pelo menos, nunca mais.
Porque você fez essa missão para ele, então?
Ordens de alguém superior. Era necessário alimentar o ego do barão para que ele pudesse reconstruir o corpo de um... um... conhecido.
A missão, então, foi concluída... e seu "conhecido" está... reconstruído?
A missão foi concluída. Meu conhecido está... de pé.
Afinal, O QUE é, seu conhecido?
Uma criatura criada pelos ofícios do barão. Um tipo de golem ou homem mecânico consciente.
Um FORJADO! Que maravilha!
(Olhar desconfiado) Eu não acho. Aquilo, de certa forma, ameaça o círculo natural da morte. Minha deusa deve estar sendo complacente à existência disso, mas não sei se será para sempre.
E quando não for?
Então, talvez, meu ofício inclua a caça e destruição dessas coisas mecânicas.
Como se chama seu "conhecido"?
Varuz.
É isso? Não sei porquê, mas achei que você responderia uma sequência de números...
Besteira.
Então, onde está Varuz?
Creio que no Palácio Mecânico, nas mãos do barão.
Ótimo. Sei onde fica...
Você pretende invadir o palácio?
Bem, sim... não!... não deveria ter insinuado isso, não é?
Não é problema meu, mas, não acho que você vá conseguir.
Darei o meu jeito.
...
...
...
Então, oh sim! Me desculpe, esqueci de me apresentar! Que tolice a minha. Sou Eliah Volke... sabe? De "O coração é uma muralha prestes a desabar" ... minha mãe era fã de um escritor e...
???
... me deu esse nome... você não tem a mínima noção do que estou falando não é?
...
Bem, então, está bem. Enfim, qual o seu nome?
Eu não tenho um nome. Não é necessário. Aqueles que andam comigo me chamam de ceifeiro, porque uso uma foice.
Que estranho... você precisa de um nome.
Besteira...
(...) Que tal Silscythe? Sabe? De "Éramos Sete"! O guerreiro que arrancou a escama da mãe dos dragões e a deixou vulnerável à lança do destino... é... um livro. Você não deve conhecer, mas...
Silscythe...
Sim. Silscythe.
Parece que... posso aceitar esse nome.
Então, esse será seu nome...
[Fim das anotações]
Isso me levou até um amontoado de corpos entrelaçados de bruxas. Suas cabeças estavam separadas do corpo e amarradas como um pêndulo nos galhos das árvores vizinhas. Eu me aproximei descuidado e fui surpreendido pela silhueta algoz do homem da foice. Tentei me comunicar, mas ele partiu para cima de mim, com a foice longa e sua lâmina cortando o ar como uma lua minguante. Me afastei e tropecei esbarrando em uma árvore que ostentava a cabeça de uma das bruxas. A foice atingiu pouco acima de mim, cortando a corda de cânhamo que prendia o troféu de meu atacante.
"Eu só queria fazer algumas perguntas" - tentei ser o mais diplomático possível, embora soubesse que eu não era bom nisso.
Ele me olhou, com seu olhar de morte, e falou: "Você não tem medo de mim?"
"Eu deveria ter, mas, com todo respeito, não. Talvez eu tenha um parafuso a menos. Aquele que me falta, tirou-me a prudência de minhas decisões."
O guerreiro tirou a lâmina da foice da fenda que ela havia desenhado na árvore e apanhou a cabeça da bruxa, analisando a corda partida.
"Isso não é imprudência. Não ter medo é uma bênção reservada à poucas pessoas." - ele me contou enquanto emendava a cabeça cortada de volta à árvore.
"Então, eu posso fazer as perguntas?" - bem... eu não havia desistido de minha missão.
Ele me olhou como se estivesse enxergando além do que podia ser visto e respondeu: "Parece que sim..."
E eu perguntei, enquanto ele preparava a carnificina com as bruxas.
O que você está fazendo?
Matando bruxas. Matando, empilhando, cortando suas cabeças, queimando.
E tem algum motivo maior pra que você faça isso? De alguma forma, eliminar essas ameaças parece... bem... parece uma boa atitude...
Esse é o ofício que foi reservado à mim por minha deusa. Essas bruxas pecam contra a mortalidade. Vivem mais do que devem. Meu trabalho não tem nada a ver com a proteção da Cidadela de Ferro.
Quem é a sua senhora?
Veronicca, a deusa da morte.
Nunca conheci um algoz de Veronicca!
(Ele me olhou com desconfiança) Bom para você...
Err... bem, você já deve saber que eu o segui até aqui. Estava na Engrenagem Enferrujada, a taverna onde você arrancou a cabeça de um inocente em meio à dezenas de olhares assustados.
Eles ficaram amedrontados, foi?
Sim... é claro. Quem não ficaria?
Você.
Bem, é verdade. Então, porque você fez aquilo? Missão para a sua deusa?
Não. A morte dele e a dos outros fazia parte de uma missão temporária?
A morte dos outros? Você fez mais vítimas na Cidadela de Ferro?
Cinco. Seis se você estiver contando com este último.
Se não era para a sua deusa, então porque esses assassinatos foram realizados?
Para satisfazer os caprichos de um barão.
O Barão da Máscara de Ferro!
Acho que é assim como todo mundo o chama.
Então, você também trabalha para o barão?
Não. Pelo menos, nunca mais.
Porque você fez essa missão para ele, então?
Ordens de alguém superior. Era necessário alimentar o ego do barão para que ele pudesse reconstruir o corpo de um... um... conhecido.
A missão, então, foi concluída... e seu "conhecido" está... reconstruído?
A missão foi concluída. Meu conhecido está... de pé.
Afinal, O QUE é, seu conhecido?
Uma criatura criada pelos ofícios do barão. Um tipo de golem ou homem mecânico consciente.
Um FORJADO! Que maravilha!
(Olhar desconfiado) Eu não acho. Aquilo, de certa forma, ameaça o círculo natural da morte. Minha deusa deve estar sendo complacente à existência disso, mas não sei se será para sempre.
E quando não for?
Então, talvez, meu ofício inclua a caça e destruição dessas coisas mecânicas.
Como se chama seu "conhecido"?
Varuz.
É isso? Não sei porquê, mas achei que você responderia uma sequência de números...
Besteira.
Então, onde está Varuz?
Creio que no Palácio Mecânico, nas mãos do barão.
Ótimo. Sei onde fica...
Você pretende invadir o palácio?
Bem, sim... não!... não deveria ter insinuado isso, não é?
Não é problema meu, mas, não acho que você vá conseguir.
Darei o meu jeito.
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Então, oh sim! Me desculpe, esqueci de me apresentar! Que tolice a minha. Sou Eliah Volke... sabe? De "O coração é uma muralha prestes a desabar" ... minha mãe era fã de um escritor e...
???
... me deu esse nome... você não tem a mínima noção do que estou falando não é?
...
Bem, então, está bem. Enfim, qual o seu nome?
Eu não tenho um nome. Não é necessário. Aqueles que andam comigo me chamam de ceifeiro, porque uso uma foice.
Que estranho... você precisa de um nome.
Besteira...
(...) Que tal Silscythe? Sabe? De "Éramos Sete"! O guerreiro que arrancou a escama da mãe dos dragões e a deixou vulnerável à lança do destino... é... um livro. Você não deve conhecer, mas...
Silscythe...
Sim. Silscythe.
Parece que... posso aceitar esse nome.
Então, esse será seu nome...
[Fim das anotações]
Silscythe, algoz de Veronicca |
terça-feira, 15 de novembro de 2016
Jornalismo em Draganoth - parte 2
A Gazeta de Ouro (Notícias de Draganathor)
Poucas informações foram cedidas pela milícia de Draganathor, mas, até onde se sabe, uma entidade poderosa, com uma presença, talvez, demoníaca, encapuzada e que, de acordo com os observadores curiosos: "emanava uma maldade palpável" , atacou a terceira ala da Torre da Dragocracia, mas, não chegou a causar grandes danos (a não ser em certos conteúdos mágicos dos lojistas da área atacada). Isso graças à ação eficiente e veloz da Milícia Draculean, os servos de poder invejável da Dragocracia.
"Isso só prova, ainda mais, o quanto o poder da Dragocracia é inquestionável e predominante. Essas entidades prepotentes podem até ser bem sucedidas em outras regiões do mundo, mas em Draganathor, a história é diferente! - falou o Sargento Antoine D'Clairré, sentinela Draculean de Razorax, quando questionado sobre o repentino ataque nas imediações urbanas de Draganathor.
Sargento Antoine D'Clairré, Sentinela Draculean de Razorax |
Poucas informações foram cedidas pela milícia de Draganathor, mas, até onde se sabe, uma entidade poderosa, com uma presença, talvez, demoníaca, encapuzada e que, de acordo com os observadores curiosos: "emanava uma maldade palpável" , atacou a terceira ala da Torre da Dragocracia, mas, não chegou a causar grandes danos (a não ser em certos conteúdos mágicos dos lojistas da área atacada). Isso graças à ação eficiente e veloz da Milícia Draculean, os servos de poder invejável da Dragocracia.
A luta não teve mais do que dois minutos de duração e a entidade foi presa pelas âncoras planares dos Draculean e levadas para as Torres Mestras, certamente para ser interrogada antes de receber a punição merecida.
"Estranho. Muito estranho. Tem mais peças nesse quebra-cabeças." - foi a opinião de Barghaman, punho-de-ferro, dono da estalagem Dragão Uivante que localiza-se a não mais de trinta metros da área de ataque. Alguns cidadãos de Draganathor desconfiam que destruir a entidade durante a luta seria a melhor opção pois, lidar com forças estranhas é sempre tentador.
[...]
Entrevista com o "desconhecido" (o sujeito aqui entrevistado preferiu não revelar a identidade, exigindo que seu nome e aparência fossem mantidos em segredo).
I. Então, você foi um observador atônito da luta da Milícia Draculean contra a tal entidade?
"Exato. Mais eu sei mais do que os meus olhos assistiram durante o desastre. A Milícia certamente não teve muito trabalho para contê-lo, pois, ELE desejou ser capturado."
II. É uma teoria difícil de acreditar. Você está dizendo que a entidade fez um "show" com a intenção de chamar a atenção da milícia? Não existiria outras... zilhões de formas de se mostrar para isso?
"Quem sabe? Estou falando o que eu vi. Certamente a entidade tinha poder para fazer muito mais estrago do que o simples arranhão que ela deixou nas vidas dos lojistas do local atacado."
III. Você poderia dar mais alguma descrição sobre a tal entidade, já que você se considera um observador mais do que suficiente?
"Eu lhe falei que sabia muito mais do que meus olhos assistiram. Procurem em seus livros de história, o nome da entidade é Aztapheus e sua missão nesta amostra particular tem muito mais a se contar. Vocês devem esperar algum significado disso...
Anexo: Infelizmente o entrevistado desapareceu repentinamente, recusando-se a oferecer mais informações sobre a entidade, porém, a Gazeta de Ouro fez seu trabalho de casa. Estão anexadas à seguir algumas informações contidas em livros da Biblioteca Draconis sobre o nome "Aztapheus".
Aztapheus (Azz-tä-fêus') [Celestial antigo: príncipe da hora lunar] [Abissal recente: auréola do círculo de prata] - uma das entidades intituladas "Os Doze" aprisionadas pelos Magos Brancos de Mordae e ocultadas através de magias de esquecimento. A cabala, entretanto, resistiu às proteções mágicas e suas histórias, ainda que levemente proferidas nos dias atuais, ainda são sussurradas em cidades antigas onde se é costume conviver com as ruínas do passado. Os Doze estão diretamente ligados ao terror da Trindade Macabra, mal que assolou a Terceira Era e que teve um fim alcançado pelas mãos de servos de Splendor.
A Luneta (Notícias de Rivergate)
Página principal:
Helena Croix, remanescente da cavalaria eólica da extinta nação de Azran foi vista banhando-se nas fontes termais de Rivergate em companhia de sua águia gigante. Para quem não sabe, a cavalaria eólica trata-se de cavaleiros montados nas raríssimas águias gigantes domesticadas nos Picos da Ventania, na esquecida Brastav. Helena é uma amazona reconhecida por sua beleza invejável e curvas perfeitas tanto quanto por sua maestria com a lança de montaria, um dos braços direitos de Lorde Irun. Um colírio para os olhos dos sortudos que puderam presenciar sua raríssima aparição.
Merchadising editorial:
Espaço para a leitura do marinheiro
Autor: Gillermino Autraz
"Como leitor assíduo de livros de heroísmo e cavalaria (sendo este também o meu trabalho crítico) venho acompanhando inúmeras obras escritas por bardos e profissões similares que me são de grande valia, porém, devo admitir que as obras de Balthazar (assim escrito, sem sobrenomes, por alguma razão) me fazem um leitor mais contente. Uma pena que, ao que tudo leva a crer, o escritor tenha se aposentado (quem sabe? A esperança é a última que morre).
"Seus livros são cativantes. As horas passam a fio!" - revela Litta Arnsel, bibliotecária da cidade de Águas Termais em Rivergate."
"Já li "Em busca da eterna paz" três vezes e pretendo ler outras. Com certeza recomendo para qualquer um." - é a opinião de Louis Kersinger, prefeito da cidade de Espelho d'água, em Rivergate."
Os livros são ótimos e muito bem escritos, mas, não é isso que me chama a atenção nestas obras. Acho que poucos notaram, ou talvez seja a minha paranoia provocada por anos e mais anos de pensamento crítico, mas, a leitura, que tem o intuito de ser puramente agradável, parece esconder mensagens subliminares que somente alguns bons conhecedores da atual situação do mundo podem perceber.
Como na passagem do livro "O coração é uma muralha prestes a desabar" onde podemos encontrar nesse trecho:
"... podiam vir mil e uma flechas. Arbalestras disparariam suas munições contra o falho e mortal peito de Volke, mas as sombras que permaneciam feito feridas em seu coração não podiam ser dissipadas. Mulheres tentariam fazer isso e morreriam tentando, a fé tentaria recrutá-lo mas não tocaria o seu âmago. As feras que um dia foram instaladas lá dentro, um dia se libertariam e não haveria, então, rei ou rainha que impedisse a fúria do herói."
Livro escrito e publicado dois meses antes do massacre que ocorreu na Muralha no sul de Azran, quando as Proles Sombrias tiveram sua primeira vitória contra os exércitos de Asaron.
Em "Éramos Sete", Balthazar nos mostrou o sofrimento de uma mãe obrigada a presenciar a morte de sete filhos (um livro com uma reviravolta impressionante) e descreveu:
"...ela lutou por cada um deles, mas agora ajoelhava-se em seus túmulos. Não chorava pois a fonte de suas lágrimas haviam secado, talvez, para sempre. Os carrascos vieram e mataram seus príncipes e a rainha deveria pôr um fim à história de sofrimento."
Livro escrito e publicado um mês antes dos acontecimentos envoltos pelo mistério da Rainha dos Dragões Negros de Chattur'gah, aniquiladas pelos exércitos comandados por Lorde Irun quando sua sanidade ainda lhe servia de alguma coisa. Devido à pesquisas aprofundadas, posso comprovar que a tal rainha possuía exatamente sete filhos.
E, não como último exemplo, mas como o terceiro de algumas dezenas, o fato mais assustador se revela em "Tudo de resume à litros de sangue" onde Balthazar nos projeta para as cenas de um grupo de aventureiros que ganham passagem para o Quinto Inferno:
"...era carne, sangue e osso. Era mais carne do que sangue e osso. Ainda que se a carne das paredes fosse rasgada despejasse sangue. Ainda que se o sangue inteiro fosse jorrado aparecesse o osso. Aquele era o quinto inferno. Um inferno de pecadores agonizantes engolidos pela terra. Terra que era carne, sangue e osso."
Livro escrito e publicado três meses antes do massacre em Zarast, a cidade dos anjos de pedras, com descrições certamente minuciosas do que é a maldição de carne imposta à antiga capital governada pelo Príncipe Aisen.
Aqui deixo minha opinião sobre a provável maior importância da aquisição desses livros. Posso estar imaginando coisas (minha mãe sempre me falou que eu tinha uma imaginação afiada, adorava teorias e estratagemas). Embora possa ser uma visão exagerada de um fã das obras, acredito que a atenção à esse assunto poderia ser dobrada.
P.S.: Gillermino Autraz foi despedido de A Luneta, após essa matéria. Foi visto uma semana seguinte nas redondezas de Rivergate, em seguida, desapareceu misteriosamente.
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