Era uma noite muito mais noite quando Freya matou a prole
sombria que tinha forma de morcego e encerrou o combate das tribos do urso,
lobo e águia contra os canibais da pirâmide de Ankhashadalûr e foi coroada
líder da aliança. Os bárbaros de Chattur’gah reuniram seus arsenais e marcharam
para Sazancross, sem titubear, ao pedido dela e todos perceberam que aquela
havia sido a decisão certa pois, enquanto abandonavam o lar ancestral viram as
sombras cobrirem a floresta de profanação. Freya havia sonhado com um pássaro
de fogo e a tribo da águia acatou isso como uma dádiva de gente escolhida,
enquanto a tribo do lobo, leal a seus comparsas, prometeram derramar sangue na
maior das guerras.
Zhor
Drakhar havia profetizado algo bem anteriormente à marcha para a cidade do
fogo. “Veem as eternas chamas em seus pedestais? Elas brilharão forte uma vez
mais! Os líderes devem estar com suas armas em mãos e conceber a vontade de
Hefasto, exatamente como escrito está nas pedras do deus vulcânico”. O anão de
chumbo e fogo apenas confiou no êxito daqueles que um dia o libertaram e estes
não falharam. As armas dos líderes anões golpearam as chamas eternas quando
estas fervilharam anunciando o começo da maior das guerras. Machado, martelo e
picareta se uniram e, unânimes, cederam as muralhas anãs e se apossaram das
caravelas de madeira e aço, tomando caminho para a terra do fogo.
Uma
vez mais, depois de três séculos, os oráculos saíram de suas torres no deserto
e sentiram as dunas nos pés durante a caminhada para a capital Mênfis, onde
chegaram ao mesmo tempo, os seis, perante o trono da esfinge e divulgaram suas
visões idênticas. Sethos reforçou as premonições contando sobre o mal denominado
mortalha, tão escuro quanto o deserto da rainha dos chacais e sua palavra foi
ouvida, pois o imortal havia transcendido corpo e espírito peregrinando pela
escuridão sem jamais abandonar a fé no deus sol e, por isso, era digno de ser chamado
de um dos mais sábios. Os nômades do deserto iniciaram a jornada atravessando
os espelhos planares, criados a muito tempo pelos magos de sal.
Os vassalos de Bahamut abandonaram o estreito quando os
magos de Mordae ameaçaram criar a cúpula arcana usando os limites do anel de montanhas
como fronteira da proteção. Eles derrubaram pinheiros e ergueram construções,
lutaram arduamente contra os yeths, sabendo que ali nunca seria um lar.
Esperaram pelo chamado da guerra que havia sido profetizada pelo deus dragão e
esse aviso veio com Torkstone, livre da prisão de pedra, vindo da nevasca além.
Os servos do dragão de prata já estavam preparados para uma longa andança e para
a maior das guerras. Marcharam, também, para a terra do fogo.
Gwyneth, por muito tempo, foi uma águia planando num céu
solitário e cinzento. Ela observou as florestas se definharem sabendo que suas
magias não serviriam para restaurar a vida nelas. A elfa, então, se deparou com
as oito linhas perfeitas e organizadas que formavam o exército de seus
familiares, marchando com armas iluminadas e lideradas pelos anjos de auréola
pulsante. A canção das harpas élficas mantinha o perigo das sombras distante. O
conselho dos patriarcas chegou a distintas decisões e apenas três dos sete
grandes mantinham-se unidos às tropas, mas, de qualquer forma, Gwyneth ficou
satisfeita pois, um único patriarca tem a força de um deus. Reuniu-se ao
exército em direção a maior das guerras.
Lorde Irun sonhou a premonição do pássaro de fogo pela
terceira vez na vida. A primeira destas havia revelado a ele que quando, enfim,
a terceira fosse apresentada, ele chegaria ao fim de seu reinado. Acordou suado
e ofegante, mas satisfeito. Estava velho e havia passado por muito mais do que
um espírito mundano poderia aguentar. Sempre quis morrer lutando, por isso, ficou
agradecido com o fato de que seu último sonho o levasse à guerra. A última
grande guerra da sua vida. As flâmulas esmeraldas foram mais uma vez hasteadas
e os guerreiros da planície sem fim abandonaram o ofício de trabalhadores e
voltaram a marchar em direção àquilo no qual eles nasceram e foram treinados a
fazer. Anthrahaxx, o dragão de escamas metálicas, seguiu o grupo pela metade do
tempo, em seguida, separou-se no intuito de concluir sua última missão antes da
guerra. Apenas Lorde Irun soube o que era e, você, leitor, apenas suspeita o
que seja.
...mas isso é história
para outras anotações.
Os seis exércitos se reuniram sob a terra vulcânica de
Sazancross. Ao longe os heróis puderam contemplar a última resistência dos
povos mortais borrar a terra e o céu de esperança. As garras e as presas dos
bárbaros, o chumbo e o fogo dos anões, as visões e a sabedoria dos nômades do
deserto, a lealdade e resistência dos vassalos de Bahamut, a beleza e perfeição
dos exércitos élficos e as flâmulas esmeraldas, símbolo da valentia humana,
drapejando pelos ares do único lugar ainda seguro do mundo. Aquelas são as almas
que carregam o último resquício da existência de um deus de esplendor e que
antecipam o final da Quarta Era.
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