quarta-feira, 12 de abril de 2017

Primeiro Pergaminho de Sigmund


Meu caro discípulo,

Espero que possa me perdoar por ter jogado toda a tragédia do mundo em seus ombros. Não que eu tivesse escolha. Desde que me arrisquei no conhecimento da Teoria do Acaso passei a não ter controle sobre a minha própria vida. Talvez você ainda não tenha notado o quanto isso é verdade, mas, creia em mim: notará.
Os segredos desse estudo consomem. A teoria te deixa doente e lhe mostra finais infelizes. Eu quem possa-o dizer, afinal, se estiver lendo isso significa que estou morto.

Venho escrevendo esses pergaminhos a algum tempo. A tinta que molha esse pergaminho é mais velha do que o dia em que te conheci. Sim, eu usei a Teoria do Acaso para encontrá-lo, mas, sequer, sei o teu nome. Se estou escrevendo isso significa também que estou preparado - melhor, me preparando - para morrer.

Não vou ocupar sua leitura com meus sentimentos - afinal, todos os meus estudos mais antigos comprovam que a morte não é o fim de tudo - e, devo considerar até mesmo que há um certo alívio de não ser a mim que a Teoria do Acaso escolheu. Não tenha medo, nem seja receoso. Você será preparado. Eu ajudarei através desses inscritos.

Desde que o conhecimento da Teoria do Acaso foi desenterrado nas ruíńas de Chattur’gah (no lugar em que julgo ter sido um império de gigantes, derrotado pelos próprios escravos humanos) pelo meu mentor Thanabulos, ele veio se desenvolvendo. Talvez, meu mentor soubera que iria ceder à loucura, assim como eu bem sei que irei morrer após fazer a minha parte.

Nesses pergaminhos estão anotados as espirais do estudo da Teoria do Acaso que prevê o fim da Quarta Era. Estes arquivos da minha biblioteca são únicos e escritos com o intuito de lhe guiar. Você deverá lê-los e compreendê-los, no entanto, cada qual a seu tempo. Sim, existem regras para acompanhar a sua trajetória:

  • Leia-os em ordem. Não antecipe a leitura de qualquer pergaminho;
  • Faça de tudo para realizar todas as tarefas anunciadas neles;
  • Não permita que qualquer outro indivíduo tenha acesso à essas anotações, por isso, as mantenha sempre na Biblioteca Etérea.

Parecem regras simples, mas não as releve. É de suma importância que elas não sejam quebradas.

Nas próximas páginas vou te revelar acontecimentos, histórias, lugares em que eu, meu mentor, e alguns de meus preciosos aliados, criamos para que estes esperassem sua chegada.

Você não chegará ao final dessa era sozinho. Você precisa daqueles que estão ao seu redor agora. Talvez você já saiba quais carregam a importância de se manterem vivos até o final…
… esses próximos pergaminhos, talvez, ajudem-no nessa tarefa, de qualquer forma.

Vamos por parte…

Primeiramente, você deve ter recebido de mim a chave para a Biblioteca Etérea, mas, não deve reconhecer os segredos para ativá-la. Creio eu que alguém o ajudou a fazer isso. Meus palpites são: Alamut, o Coruja ou algum estranho mestre do conhecimento.
Agora, tendo acesso à esses escritos, você também terá em sua posse a biblioteca.

A chave para a Biblioteca Etérea é um artefato encantado inúmeras vezes. Aprimorado para conter toda a minha base de informações e muito mais do que isso. Aqui temos três andares. Os acessos aos andares superiores se dá por uma única escadaria circular esculpida em bronze. Cada andar tem seis metros e uma fonte de conhecimento quase inesgotável: inúmeras estantes com livros, pergaminhos, grimórios que te ajudarão como pesquisa para praticamente qualquer área de estudo. Você pode trazer até treze aliados com você para dentro da biblioteca. Eles só terão acesso ao segundo e terceiro andares caso você permita.

O primeiro andar é chamado de “O Salão de Visitas”. Em meio a um labirinto de estantes, existem mesas, candelabros e luminárias de luzes arcanas (você pode ativá-las ao conjurar globos de luz. Elas permanecerão acesas durante vinte e quatro horas). Atrás da quarta e quinta fileiras de estantes existem alavancas que, quando acionadas, revelarão camas de lençóis sempre limpos e um lavatório.

Se você for capaz de conjurar Servo invisível (ou qualquer vertente dessa magia), esta magia será sustentada por vinte e quatro horas. Se for da tua vontade, você poderá invocar especificamente o meu servo: Amadeo. Ele poderá te ajudar a procurar informações mais específicas. Conhece cada centímetro da Biblioteca Etérea.

O segundo andar é chamado de “O Salão da Vidência”. A vasta quantidade de estantes acerca uma esfera cristalina que pode ser usada como bola de cristal ou espelho para magias de adivinhação. Nesse andar também existem pequenas câmaras com oficinas para criação de pergaminhos, poções, varinhas e encantamento de itens, caso você seja capaz de fazê-los.

Finalmente, o terceiro andar, o qual chamo de “O Salão da Teoria”. Há um maquinário de bronze, prata e ouro representando constelações e planos. O Maquinarium ocupa todo o teto e é capaz de girar através de alavancas, como um imenso planetário. Ele te auxiliará a realizar seus estudos da Teoria do Acaso, sendo que, seu trabalho será beneficiado toda vez que o fizer aqui. Posteriormente, o Maquinarium te ajudará a visitar outros planos: tarefa necessária, como você vai perceber nos próximos pergaminhos.

Por fim, algumas advertências:

Assim que você gira a chave afim de invocar a Biblioteca Etérea, você a torna translúcida, porém visível, para o Plano Material. Você pode invocá-la uma vez por dia e permanecer nela o tempo que desejar. Você e qualquer um que adentre a Biblioteca Etérea estarão protegidos no plano etéreo (serão reconhecidos como figuras fantasmagóricas pelos observadores do lado de fora).

Muito cuidado! Quando a Biblioteca Etérea estiver invocada, qualquer indivíduo com a capacidade de visitar o Plano Etéreo (espectros, aparições, a magia piscar ou forma espectral) pode invadir a biblioteca e danificá-la (ou mesmo roubar parte de seu conhecimento). Invocar a Biblioteca Etérea, como você agora deve saber, leva um único minuto.

Terminando de ler esse pergaminho, visite os três andares e os torne familiares pra você. É importante!

Até o próximo pergaminho.

Sigmund Fawkes

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